OPINIÃO: Aliança com Cartaxo é “tiro no pé” para João Azevedo

Nesta última semana, muito tem se falado de uma possível aliança entre o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo e o Governador João Azevedo, nas eleições municipais.

Alguns analistas inclusive dão como certo um acerto em torno do nome da ex-secretária Socorro Gadelha, nome que agradaria Azevedo, segundo se especula.

Cícero Lucena também corre contra o tempo em busca desse apoio. Sabe que é fundamental para o seu projeto ter João como cabo eleitoral.

Progressistas

O elo comum entre ambos os grupos? O Deputado Federal Aguinaldo Ribeiro. É seu o voto de “minerva” nessa disputa. Para onde o Progressistas decidir ir é possível que determine a composição da chapa municipal e o acordo entre os grupos políticos.

Digo logo: Essa união com Cartaxo é um “tiro no pé” para João Azevedo.

A gestão estadual e a gestão municipal nunca tiveram afinidades. Iniciaram diálogo após o início da pandemia por obrigação de ofício. Afinal João Pessoa concentra mais de 85% dos casos confirmados da doença e de óbitos.

Cartaxo sempre foi crítico ao Governo Estadual, nunca procurou sinergias, convergências, diálogo. Já enxergava o atual ocupante do Palácio da Redenção como adversário, agia como tal.

Cartaxo está em fim de gestão, com um lapso de tempo de 2 anos até as próximas eleições em que poderá disputar novamente. Justamente as eleições onde a vaga para Governador estará em jogo e onde João defenderá sua reeleição.

Durante a pandemia, pontos nevrálgicos da gestão de Cartaxo foram expostos. A gestão da Saúde sempre foi ponto fraco da sua equipe. Gargalos se criaram ao longo do tempo, por falta de iniciativa, ideias e recursos. O “trauminha” é prova cabal.

Além disso, tem os processos que podem vir à tona contra o gestor municipal, como o caso da dragagem da lagoa, que tem potencial para “dragar” de verdade o candidato do prefeito e quem estiver junto.

Já o Governo do Estado está bem avaliado. Lidou bem com a crise causada pela epidemia, já avança na divulgação de medidas econômicas para garantir a retomada. Gerenciou com sucesso o momento mais crítico, chamou os prefeitos, negociou, estabeleceu diretrizes e fiscalizou.

A retomada econômica e a flexibilização do isolamento seguem à cartilha da Secretaria de Saúde do Estado.

A união de João Azevedo e Cartaxo, não faz sentido nem político, nem administrativo.

Politicamente se unir a um gestor em fim de mandato, com uma gestão criticada e com alto risco jurídico e que pode ser seu adversário em 2022 é “receoso”, no mínimo.

Administrativamente, não existe tempo hábil para a gestão Cartaxo procurar qualquer iniciativa conjunta com o governo do Estado. Não existem sequer projetos para serem executados em conjunto.

E, acredito, ser o motivo mais forte para essa união não fazer sentido, não existe adversário comum a ambos, que justifica-se a união de diferentes espectros políticos para combater um “mal comum”.

Ou seja, para João é “tiro no pé” se unir a Cartaxo e acabar assumindo todo o ônus de oito anos de gestão, que entre erros e acertos, termina com os erros em evidência e que vai pagar o preço nas urnas.

Por J. Laurentino