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10º Seminário Estadual Dezembro Vermelho reúne municípios, serviços especializados e organizações civis

A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Gerência Executiva de Vigilância em Saúde (Gevs) e da Gerência Operacional de Condições Crônicas e IST (GOCC/IST), realizou nesta terça-feira (9) o 10º Seminário Estadual Dezembro Vermelho, no auditório do Hemocentro, em João Pessoa. Reunindo profissionais dos 41 municípios prioritários e dos 10 serviços especializados da Paraíba, o seminário reforçou o compromisso coletivo com a prevenção, o diagnóstico, o cuidado e o fortalecimento das políticas públicas voltadas para HIV/Aids e outras ISTs.
 
Para a gerente Operacional de Condições Crônicas e IST, Ivoneide Lucena, o momento é estratégico para consolidar o trabalho realizado ao longo do ano e planejar o próximo ciclo. “É o momento de reunir quem está na ponta, nos serviços e nos municípios, para avaliarmos o que avançamos em 2025 e o que precisamos aprimorar em 2026. Nosso foco é qualificar o atendimento, atualizar fluxos e fortalecer o encaminhamento desde a atenção básica até os serviços de referência”, destacou. 
 
Entre as atualizações apresentadas, ganharam destaque os novos fluxos para atendimento de gestantes vivendo com HIV, manejo da sífilis e o protocolo de início rápido do tratamento — que agora ocorre em até sete dias após o diagnóstico. Segundo a gerente, essa é uma das metas centrais do próximo ano. “A partir do teste rápido realizado na atenção primária, precisamos garantir o encaminhamento correto e o início imediato do tratamento, evitando a transmissão e protegendo a saúde da pessoa atendida”, lembrou.
 
A chefe do Núcleo IST/Aids da SES, Joanna Angélica, apresentou os principais dados epidemiológicos do estado. Segundo ela, a Paraíba encerra 2025 com redução dos casos de Aids e dos óbitos relacionados à doença, mas permanece em alerta para o número de novos diagnósticos de HIV. “Ainda registramos cerca de 850 a 900 novos casos por ano, sobretudo entre jovens de 25 a 39 anos e, mais recentemente, também entre pessoas idosas. É essencial reforçar o uso do preservativo e ampliar o acesso às tecnologias de prevenção”, afirmou. 
 
Já pensando em 2026, a chefe do Núcleo destacou ainda a ampliação da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), da Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e do manejo clínico em todas as regiões do estado. “A ideia é descentralizar o cuidado para que todo o território, do litoral ao Alto Sertão, tenha acesso gratuito e alinhado às ferramentas de prevenção e acompanhamento das ISTs”, explicou.
 
O seminário também contou com a participação ativa de organizações da sociedade civil que desenvolvem ações fundamentais junto às populações mais vulneráveis. O presidente da Associação Iguais, Dhell Felix, reforçou o papel da instituição no enfrentamento das ISTs e no apoio às políticas de promoção da saúde. “A luta é de todos nós. Precisamos conscientizar as pessoas a testar, usar a PrEP, usar preservativo e se cuidar. Sempre estamos distribuindo insumos, fazendo ações educativas e apoiando iniciativas como esta”, destacou. 
 
Durante o evento, a Iguais entregou a Comenda Fernanda Benvenutty à gerente Ivoneide Lucena, em reconhecimento ao seu trabalho junto às populações LGBTQIA+. “Ivoneide nos ajudou a construir as instituições LGBTs da Paraíba. Temos uma dívida de gratidão com ela. Fernanda Benvenutty, que dá nome à comenda, admirava muito Ivoneide, e tenho certeza de que estaria feliz com essa homenagem”, afirmou Dhell. Ele explicou ainda que a Iguais atua na defesa de pessoas LGBTQIA+, oferecendo apoio jurídico gratuito, ações de prevenção em saúde e programas de capacitação para empresas e órgãos públicos por meio do selo Iguais na Diversidade.
 
Outra instituição presente foi a ONG Cordel Vida, que há duas décadas atua em territórios de difícil acesso e junto a populações historicamente invisibilizadas. O coordenador da ONG, Beto Alves, ressaltou que a organização desenvolve ações de prevenção e cuidado em locais onde o poder público enfrenta maiores barreiras. “Atuamos em espaços de sociabilidade LGBTQIA+, em áreas vulneráveis, com pessoas em situação de rua e em comunidades onde é preciso ter vínculo para entrar. O Cordel Vida faz esse trabalho há 20 anos, indo onde o Estado muitas vezes não consegue chegar”, disse. A ONG, fundada em 2015, ampliou sua atuação para populações do interior e distribui insumos, orientações e encaminhamentos, com resultados importantes devido ao vínculo criado com os grupos que acompanha. “Vamos exatamente onde há dificuldade de acesso. Conseguimos construir vínculos e dialogar com quem mais precisa”, completou.
 
O 10º Seminário Estadual Dezembro Vermelho consolidou avanços, alinhou metas e renovou o compromisso da SES com a prevenção e o cuidado integral. As conversas entre gestores, profissionais de saúde e representantes da sociedade civil reforçaram que o enfrentamento das ISTs é uma agenda coletiva — que se fortalece com informação, articulação e acesso ampliado aos serviços de saúde.