Pessoense radicado em Campina Grande, Willames Diniz é escritor e compositor, com diversas participações em eventos culturais pelo estado, como o segundo e quarto Festival de Música da Paraíba, e tem sua produção literária baseada no conto tragicômico e na poesia marginal. Foi um dos fundadores da editora independente Ressaca Livros, pela qual publicou NÃO HÁ INOCENTES AQUI, reunião de contos em e-book, em 2012. Também editou a coletânea “Os causo verídico de Variovaldo V. ouvido e verificado por Willames Diniz”, em 2015. Sua obra mais recente é “Poema sobre Poema”, uma coletânea de peças poéticas metalinguísticas compostas entre 2013 e 2021, que relatam o conflito entre o poema e suas circunstâncias de criação. O livro, lançando neste sábado (23), teve revisão de Pedro Paulo Galhardo e edição, diagramação e capa de Rafael Figueirêdo. A impressão seu deu através da Editora Maxgraf. Você pode adquiri-lo através deste link. Por ocasião do lançamento, convidamos o autor para falar um pouco mais sobre sua obra.
Portal NegoPB – O seu livro parece nos levar ao longo de várias escolas poéticas, como o parnasianismo, o simbolismo e o modernismo. De certa forma, isso não seria um desafio? Conte-nos um pouco sobre com o que o leitor pode se deparar.
WILL – Sim, o livro evolui por diversas maneiras de se compor o poema, como forma de instrumentalizar uma espécie de investigação. Alguns podem querer abordá-lo segundo tais critérios, outros, apenas observar o conflito subjetivo da criação. Sem dúvidas, haverá maneiras distintas de observar o conteúdo. Mas não quero sugerir qualquer tese, ensaio ou conclusão em POEMA SOBRE POEMA, tampouco encurralar o leitor no canto do texto. Acredito que escrevi um livro para apreciação, ao qual o leitor encontrará certa compatibilidade de enredo, até tomando lado no conflito com o poema. De modo que aceite o convite de também ele, compor uma peça com o espírito da obra, ao fim. Gostaria de acrescentar que nada disso seria possível sem as contribuições da equipe editorial, a saber: Rafael Figueirêdo, responsável pela capa, diagramação e montagem como um todo do projeto; Pedro Paulo Galhardo, revisor e crítico das peças; e a Gráfica e Editora Maxgraf, super atenciosa com o projeto desde o início.
Portal NegoPB – O seu livro pode ser apreciado sob o ponto de vista puramente estético?
WILL – Eu espero que não. Há vísceras demais no texto para que o leitor atenha-se apenas à forma. Digo, quanto mais eu pude usar o elemento estrutural ou estilístico na composição da peça, melhor, de modo a complementar o sentido. Contudo não me ative ao poema narcisista. Mas ao ensimesmado, sim. Utilizei o próprio poema como matéria de composição.
Portal NegoPB – Em termos de literatura, por qual gênero ou escritor você se sente mais influenciado em seu estilo?
WILL – Eu gosto dos simbolistas franceses, dos modernos brasileiros, também leio os americanos de 20, um pouco dos russos. Sou fascinado pelo trabalho de Augusto dos Anjos. Passam muitos nomes pela minha cabeça: Twain, Bukowski, Drummond, Hemingway, Baudelaire, Gogol, Neruda, Kafka. Todos eles me tiram o sono.
Portal NegoPB – Falando de futuro, o que o seu leitor pode esperar de você? Existem outros projetos em andamento?
WILL – Tenho sim. Próximo ano pretendo publicar uma coletânea de contos e acabar meu romance. Além de finalmente gravar o meu álbum VAIA, do projeto VAIAVIVA, que vem sendo apresentado desde 2019.
Portal NegoPB – Nós, enquanto leigos, tendemos a imaginar a poesia como algo estático, algo que só travamos contato através dos livros de leitura obrigatória da educação básica. Como você enxerga o panorama atual da poesia marginal e independente na Paraíba? Como você vê a atual produção poética no estado?
WILL – A Paraíba é um celeiro de grandes poetas. Sempre foi! Mantemos uma tradição de renovação dentro dos círculos acadêmicos e fora deles. Como um dos fundadores da Ressaca Livros, em 2012, pude comprovar como somos férteis em produção poética marginal. Tive o prazer de trabalhar com autores como Rogério Trindade, Diego Oliveira, Larissa Brito. De lá pra cá, também fui apresentado ao trabalho de alguns grandes artistas de Campina Grande, como Hugo César, Fabiana Araújo, Oziel Rodrigues. E tantos outros. Trabalhos muito bons, que encontram respaldo inclusive em composição. Há muito da poesia marginal nas letras dos compositores da nova cena. Sinto de fato muito orgulho em contribuir, um pouquinho, com o que está sendo feito por aqui.
Da Redação