Em uma revelação bombástica nesta segunda-feira (10/7), o empresário Tony Garcia divulgou conversas mantidas com procuradores da operação “lava jato” e reiterou sua afirmação de que foi utilizado pelo Ministério Público Federal de Curitiba como agente infiltrado para perseguir desafetos da investigação.
Em seu perfil no Twitter, Garcia declarou: “Esse áudio é o primeiro de uma série onde a ‘origem’ do modus operandi da ‘lava jato’ teve início. Fui agente infiltrado sim, me usaram como ‘laboratório’ para os crimes que viriam a cometer na malfadada operação que quebrou empresas brasileiras, destruindo milhões de empregos”.
A publicação é acompanhada de um áudio no qual o empresário estaria em conversa com os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima e Januário Paludo.
Embora a conversa não seja contextualizada, aparenta ser anterior ao início da operação “lava jato”, uma vez que menciona o ex-deputado federal paranaense José Janene, falecido em 2010. Tony afirma que foi utilizado como infiltrado desde 2005, e essa declaração é corroborada por conversas entre os procuradores apreendidas na chamada operação spoofing.
No diálogo, Tony parece combinar a aproximação de Janene com os procuradores, dizendo: “Liguei pro Janene […] falei: ‘renuncia, cara, você está ferrado. Depois você pega um bom advogado, vem para Curitiba que nós tentamos dar um jeito na sua vida”, revela o empresário durante a conversa.
Conversas apreendidas na operação spoofing indicam que o empresário colaborou durante muitos anos com os procuradores. Em uma delas, o procurador Januário Paludo afirma: “Em 2005, fizemos várias escutas ambientais a partir do escritório do colaborador (operação tnt). O colaborador marcava reunião e a conversa fluía sem provocação direta. Não anularam. Teria que recuperar a jurisprudência. O colaborador era o Tony Garcia”.
Outra conversa revela o ex-coordenador da operação “lava jato”, Deltan Dallagnol, tratando Garcia como um “brinquedo novo” e afirmando que o ex-deputado iria “entregar” a construtora Odebrecht. Dallagnol também pede informações a Garcia sobre um promotor envolvido em um caso em que o político buscava redução de pena em uma condenação. Ou seja, a “lava jato” estaria tentando ajudar o ex-deputado em troca de informações sobre a Odebrecht.
Em entrevista à CNN, Tony Garcia afirmou ter atuado durante anos como agente infiltrado a mando do ex-juiz Sergio Moro, atualmente senador, e do ex-procurador Deltan Dallagnol. Ele revelou: “Eles me amarraram nesse acordo durante dez anos. Eles ficaram me usando para obter informações, usaram informações para perseguir o PT, eles usaram da minha amizade com o Eduardo Cunha para eu colher informações de operadores do PT, operadores da Petrobras, operadores do Zé Dirceu, de tudo, eles queriam pegar tudo”.
Na última sexta-feira (7/7), Tony divulgou uma conversa com Sergio Moro sobre a divulgação de uma sentença na qual o empresário era réu. Ele alega que o áudio é uma prova de que ele tinha uma “ligação perigosa” com Moro e afirma: “Moro foi um justiceiro criminoso, jamais um juiz. Enquanto na magistratura, foi um juiz ladrão”, declarou em um post no Twitter.