Israel intercepta navio humanitário rumo a gaza; brasileiro e Greta Thunberg estão entre os detidos
9 de junho de 2025 — O navio Madleen, da Freedom Flotilla Coalition, foi interceptado por forças israelenses na madrugada desta segunda-feira enquanto tentava entregar suprimentos humanitários à Faixa de Gaza. A bordo estavam 12 ativistas internacionais, incluindo a sueca Greta Thunberg, a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan e o brasileiro Thiago Ávila, coordenador da coalizão. Todos foram detidos pelas autoridades israelenses e levados ao porto de Ashdod, em Israel.

Quem Estava a Bordo
O grupo de ativistas representava diversas nacionalidades:
- Greta Thunberg – Suécia
- Rima Hassan – França/Palestina
- Baptiste Andre – França
- Pascal Maurieras – França
- Yanis Mhamdi – França
- Reva Viard – França
- Omar Faiad – França (jornalista da Al Jazeera Mubasher)
- Thiago Ávila – Brasil
- Suayb Ordu – Turquia
- Sergio Toribio – Espanha
- Marco van Rennes – Holanda
- Yasemin Acar – Alemanha
O Madleen partiu de Catânia, na Itália, em 1º de junho, com o objetivo de romper o bloqueio marítimo israelense e entregar itens essenciais como medicamentos, leite em pó, fraldas, próteses infantis e filtros de água para a população palestina.
A interceptação
Segundo relatos da Freedom Flotilla Coalition, o navio foi abordado em águas internacionais, cerca de 185 quilômetros da costa de Gaza. Drones israelenses teriam cercado a embarcação e lançado uma substância branca sobre o convés, enquanto ruídos perturbadores eram transmitidos pelo rádio para desorientar os tripulantes. Em seguida, comandos israelenses subiram a bordo, cortando todas as comunicações.
Imagens divulgadas mostram os ativistas com coletes salva-vidas e as mãos erguidas, pouco antes da detenção. Após a interceptação, os 12 tripulantes foram levados para interrogatório e, segundo o governo israelense, deverão ser deportados para seus países de origem.
Reações
A ação israelense gerou forte reação internacional. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota exigindo a libertação imediata dos ativistas e reforçando o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais. O Itamaraty também cobrou o fim imediato das restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza, em conformidade com as obrigações de Israel como potência ocupante.
Movimentos sociais e organizações de direitos humanos realizaram manifestações em Brasília e outras capitais, exigindo medidas mais duras do governo brasileiro e o rompimento de relações diplomáticas com Israel. A esposa de Thiago Ávila, Lara, fez um apelo público pela libertação do ativista, destacando a preocupação com a filha do casal, de apenas um ano.
A interceptação foi amplamente condenada por governos e entidades internacionais, que classificaram a ação como violação do direito internacional e do princípio de liberdade de navegação. Turquia, França e Espanha também protestaram formalmente, enquanto organizações como a Anistia Internacional pediram sanções e ações concretas contra Israel.
Apesar da repressão, a Freedom Flotilla Coalition anunciou que pretende organizar novas missões marítimas rumo a Gaza. Huwaida Arraf, advogada de direitos humanos e uma das fundadoras do movimento, afirmou que a pressão internacional cresce e que “absolutamente” novas flotilhas estão sendo planejadas. “Que da próxima vez não seja apenas um barco, mas centenas ou milhares rompendo o cerco”, declarou Arraf.
O bloqueio israelense à Faixa de Gaza já dura quase duas décadas, agravando a crise humanitária no território, onde mais de 54 mil palestinos morreram desde o início da atual ofensiva militar, em outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde local. A entrada de ajuda internacional é severamente restrita, e organizações humanitárias alertam para o risco iminente de fome em larga escala.
