Home / Brasil e Mundo / Intoxicação por metanol: Brasil tem 36 casos confirmados e sete mortes

Intoxicação por metanol: Brasil tem 36 casos confirmados e sete mortes

A epidemia de intoxicação por metanol no Brasil registrou até esta quarta-feira (15) 36 casos confirmados e 7 mortes, segundo informações do Ministério da Saúde. O número de vítimas fatais aumentou em dezembro: além de cinco óbitos ocorridos em São Paulo, outros dois foram confirmados em Pernambuco. O país também investiga outros 156 casos suspeitos e já descartou 362. Há, ainda, 11 óbitos sob análise, o que mantém as autoridades em alerta para uma possível ampliação do problema. Os dados foram divulgados durante audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, onde o diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública, Edenilo Barreira Filho, destacou que houve uma desaceleração no número de notificações, mas reforçou a necessidade de monitoramento contínuo e da atuação integrada da rede pública de saúde.

O perfil das ocorrências mostra que São Paulo segue no epicentro do surto — estado mais populoso do país e onde foi descoberto o maior número de casos e mortes. No entanto, Pernambuco também aparece agora no mapa da tragédia, com as duas mortes recém-confirmadas. Embora a curva epidêmica sugira estabilização, a dimensão nacional do problema é preocupante, pois o Ministério da Saúde segue recebendo notificações e investigando casos em vários estados. A abordagem do governo tem sido de vigilância intensa e pronta reação, com o reforço do estoque de antídotos e medidas para evitar novas exposições ao metanol.

A origem do metanol usado na adulteração das bebidas alcoólicas está diretamente ligada à ação criminosa. Investigadores apontam para a atuação de fabricantes clandestinos, muitas vezes fornecendo produtos destilados — como cachaça, vodka, whisky, gin e rum — a bares e restaurantes de forma irregular. O metanol, substância industrial altamente tóxica para humanos, tem gosto semelhante ao etanol, o que dificulta a percepção do consumidor. A adição de metanol serve para aumentar o lucro ilícito dos falsificadores, tornando a substância um risco gravíssimo para a saúde pública.

As autoridades policiais já identificaram parte da rede responsável pela distribuição das bebidas adulteradas. Em uma operação recente em São Paulo, mais de 30 pessoas foram presas, dezenas de estabelecimentos interditados e centenas de litros de bebida apreendidos. A investigação já chegou a uma fábrica clandestina que funcionava há quase duas décadas, segundo os investigadores, e aponta a possibilidade de que o metanol tenha sido adquirido em postos de combustíveis, elevando a preocupação com uma cadeia de fraude envolvendo diferentes setores da economia.

O governo federal montou um gabinete de crise para coordenar a resposta nacional. O Ministério da Saúde reforçou o abastecimento de antídotos e orienta a população a evitar bebidas destiladas de procedência duvidosa, comprando apenas de fornecedores regularizados e exigindo nota fiscal. O Ministério da Justiça e a Receita Federal também orientam distribuidores, bares, restaurantes e plataformas de comércio eletrônico a intensificar a fiscalização. No entanto, o surto expõe desafios históricos do país, como a alta informalidade no setor de bebidas e a persistência de redes de falsificação.

A crise sanitária causada pelo metanol em bebidas é um alerta para o poder público e para os consumidores: os riscos associados à ingestão de bebidas adulteradas vão muito além da questão econômica, colocando vidas em perigo imediato. Embora o governo e as forças de segurança prometam medidas rigorosas, a expectativa é que a mobilização permaneça até que todas as redes criminosas sejam identificadas e desarticuladas, e que a saúde da população esteja novamente em segurança.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)