Pela primeira vez desde 2007, o Brasil registrou um aumento significativo no número de fumantes adultos, revertendo uma tendência histórica de queda. Entre 2023 e 2024, a proporção de fumantes nas capitais brasileiras passou de 9,3% para 11,6%, um crescimento de aproximadamente 25% em apenas um ano. Esse dado alarmante foi divulgado pelo Ministério da Saúde e reacendeu o alerta entre autoridades e especialistas em saúde pública.
Especialistas apontam que a mudança pode estar associada ao crescimento do uso de novos produtos relacionados ao fumo, especialmente os cigarros eletrônicos ou vapes, que têm atraído um público mais jovem. Apesar da venda desses dispositivos ser proibida no Brasil desde 2009 pela Anvisa, o uso diário ou ocasional desses aparelhos subiu de 2,1% para 2,6% entre adultos nas capitais. Além disso, outros tipos de cigarros alternativos, como os de palha, também contribuem para esse aumento.
O tabagismo é considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo a principal causa de morte evitável no mundo, com cerca de 8 milhões de óbitos anuais. O cigarro está relacionado a mais de 50 tipos de doenças, incluindo enfermidades cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas e aproximadamente dez tipos diferentes de câncer. Além disso, o fumo passivo também apresenta riscos significativos para aqueles que convivem com fumantes, elevando o risco de doenças crônicas e de câncer de pulmão.
O impacto econômico do tabagismo no Brasil é elevado, com gastos anuais superiores a R$ 150 bilhões relacionados ao tratamento de doenças causadas pelo fumo e à perda de produtividade decorrente de mortes prematuras e invalidez. Para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco no país, estima-se que o sistema de saúde e a economia brasileira gastam cerca de R$ 5 em custos diretos e indiretos relacionados ao tabagismo.
Diante desse cenário, as autoridades de saúde enfatizam a necessidade urgente de retomar e intensificar as ações de controle do tabaco, principalmente aquelas voltadas à prevenção do consumo entre os jovens. Campanhas educativas, políticas restritivas ao uso e venda de produtos derivados do tabaco, além do acesso facilitado a tratamentos de cessação, são fundamentais para conter essa reversão preocupante na prevalência do tabagismo no país.
