O investigador da Polícia Civil de Minas Gerais, Fernando Augusto Diniz, de 37 anos, que foi preso em flagrante após atirar com um fuzil calibre 556 contra três trabalhadores em uma obra em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, cumprirá prisão domiciliar sob monitoramento de tornozeleira eletrônica, conforme decisão judicial. A audiência de custódia, realizada poucos dias após o ocorrido, resultou na conversão da prisão em flagrante em prisão domiciliar, atendendo ao pedido da defesa que alegou a existência de uma doença grave que demanda tratamento contínuo.
Durante o ataque, Fernando invadiu o canteiro de obras armado com um fuzil — considerado uma arma de guerra — e ordenou que três operários, de 32, 34 e 57 anos, deitassem no chão antes de efetuar os disparos. Dois dos trabalhadores foram atingidos e levados ao Hospital Municipal de Contagem, mas conseguiram fugir mesmo feridos e solicitaram ajuda da Polícia Militar. Um terceiro homem sofreu uma lesão leve de raspão, sem necessidade de atendimento hospitalar. A perícia no local encontrou um cartucho do fuzil utilizado.
As investigações indicam que o motivo do ataque pode estar relacionado a um conflito entre vizinhos, pois o pai do policial, que reside ao lado da obra, havia registrado um boletim de ocorrência contra a construtora por supostas irregularidades que não foram detalhadas pela polícia. A apuração está em curso para confirmar se essa disputa motivou a ação do investigador.
Na audiência, a defesa destacou que Fernando apresenta uma “pequena lesão expansiva intramedular, sugerindo glioma bem diferenciado”, uma forma de tumor cerebral que exige cuidados médicos específicos. Argumentaram ainda que o sistema prisional não dispõe de estrutura adequada para o tratamento da doença, e as condições para atendimento em unidades de pronto-socorro seriam precárias para o caso. O juiz Marco Paulo Calazans, responsável pela decisão, considerou os bons antecedentes do policial e a gravidade da situação, entendendo que a prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica seria suficiente para garantir a ordem pública, negando o pedido para que o processo tramitasse em segredo de justiça.
Fernando Augusto Diniz também é conhecido nas redes sociais, onde possui cerca de 17 mil seguidores e se apresenta como criador de conteúdo digital. Ele declara ter formação em Direito e especialização em segurança pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de atuar na Patrulha Unificada Metropolitana de Apoio (Puma), da Polícia Civil de Minas Gerais. Em seu perfil nas redes sociais, costuma compartilhar versículos bíblicos.
O caso gerou repercussão em Minas Gerais, especialmente pela gravidade do ato envolvendo um agente público utilizando uma arma restrita da corporação para disparar contra civis, e pela complexidade do conflito que envolve questões pessoais, familiares e profissionais, seguindo sob investigação.

