O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na madrugada desta sexta-feira que deseja discutir diretamente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as sanções aplicadas pelo governo americano a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi dada ao final da viagem de Lula à Indonésia, antes de sua chegada à Malásia, onde ambos estão presentes para a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e o encontro de líderes do Leste Asiático (EAS). Lula manifestou “todo interesse” em ter essa reunião para defender os interesses do Brasil e contestar as punições, consideradas sem justificativa pelos brasileiros. Ele pretende apresentar dados que demonstrem um equívoco nas taxas impostas a produtos brasileiros pelos Estados Unidos, além de discutir as sanções direcionadas a ministros do STF, classificadas por ele como inexplicáveis.
Sete ministros da corte, incluindo Alexandre de Moraes, foram alvo de sanções norte-americanas em meio ao julgamento de uma trama golpista que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado político de Trump. Essas sanções envolvem o bloqueio de bens e ativos nos Estados Unidos, a proibição de transações com empresas americanas e a suspensão dos vistos de viagem, além de acusações de violações de direitos humanos e censura por parte do governo dos EUA. O ministro Alexandre de Moraes, em particular, teve sua atuação contestada diretamente pelo Departamento do Tesouro dos EUA, que utilizou a Lei Magnitsky para sancioná-lo, alegando perseguição política e violações de direitos.
O encontro entre Lula e Trump, previsto para ocorrer na Malásia, marca o primeiro contato oficial dos dois desde a Assembleia-Geral da ONU em Nova York, em setembro, quando tiveram uma breve conversa que gerou uma boa impressão mútua. O presidente americano destacou a “química excelente” com Lula e, posteriormente, os dois líderes conversaram por telefone, quando Lula solicitou a retirada da sobretaxa de 50% imposta a produtos brasileiros. Lula enfatizou que não há temas proibidos na reunião e que pretende abordar livremente todas as questões, incluindo as comerciais e diplomáticas entre os dois países.
Na Indonésia, Lula participou de reuniões com empresários e firmou acordos bilaterais, ressaltando a necessidade de ampliar a relação comercial do Brasil com outros países, incluindo a Indonésia. Ele destacou a importância da iniciativa política e da negociação ativa para fortalecer o comércio exterior do Brasil em um contexto de crescente protecionismo global, e defendeu até mesmo o comércio entre países usando moedas próprias, sem a dependência do dólar. Esse tema também está em discussão nas negociações com os Estados Unidos.
A aproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos vem avançando desde setembro, com encontros entre ministros de Relações Exteriores dos dois países e esforços para ajustar as agendas de Lula e Trump para viabilizar este importante encontro bilateral. Lula destacou que quer apresentar aos Estados Unidos o que o Brasil espera e pode oferecer, indicando um momento estratégico para estreitar relações e resolver conflitos como o tarifário e as sanções contra membros do Judiciário brasileiro.
