A Prova Nacional Docente (PND), realizada em 26 de outubro de 2025, trouxe como tema central em sua questão discursiva o idadismo, destacado como um desafio social e educacional no Brasil. O idadismo, ou etarismo, consiste no preconceito, estereótipo e discriminação contra pessoas com base na idade, manifestando-se especialmente no ambiente escolar. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ressaltou a importância de combater essas práticas discriminatórias e promover a integração entre diferentes gerações nas escolas, extraindo o tema do Relatório Mundial sobre o Idadismo de 2023, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Os mais de 1,08 milhão de candidatos inscritos na PND utilizaram textos motivadores para desenvolver suas respostas, entre eles o 22º artigo do Estatuto do Idoso, que propõe a inclusão de conteúdos sobre envelhecimento e valorização da pessoa idosa no currículo escolar, e trechos da obra “À Sombra Desta Mangueira”, de Paulo Freire, que refletiu sobre a juventude e a velhice como posturas diante da vida e da aprendizagem. A proposta do exame indicava que o texto deveria abordar os efeitos das diferenças geracionais no ambiente escolar e sugerir pelo menos uma atividade capaz de combater o idadismo e estimular a integração intergeracional nas unidades educacionais.
A PND, reconhecida como o “Enem dos Professores”, não é um concurso ou certificação para o magistério, mas sim uma avaliação criada pelo Ministério da Educação para mensurar o conhecimento e a formação dos futuros professores das licenciaturas. Com duração de cinco horas e 30 minutos, a prova foi realizada em 750 cidades brasileiras, com mais de um milhão de inscritos. Ela é dividida em uma parte geral, composta por 30 questões objetivas e uma discursiva sobre formação docente, e uma específica, com 50 questões relacionadas a 17 áreas de licenciatura, seguindo a matriz do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) para cursos de formação docente.
O idadismo representa um obstáculo que acompanha as profundas transformações demográficas do país, com o crescimento da população idosa e a convivência cada vez maior entre múltiplas gerações. Essa convivência gera desafios complexos, como a luta por direitos trabalhistas e a insegurança dos jovens perante o futuro, o que pode aumentar preconceitos e dificultar o respeito mútuo entre as faixas etárias. A promoção da integração intergeracional na escola torna-se fundamental para desconstruir estereótipos e valores negativos que se sedimentam socialmente ao longo do tempo.
Esse cenário demonstra a urgência de políticas públicas, atividades educativas e intervenções que enfoquem a valorização do envelhecimento e do aprendizado contínuo, como recomendado por estudos e documentos internacionais. A inclusão de conteúdos sobre envelhecimento nos currículos escolares e a valorização das relações intergeracionais são passos essenciais para minimizar o idadismo, preparando educadores e estudantes para um convívio social mais justo e plural. A Prova Nacional Docente reforça esse compromisso ao cobrar dos futuros professores um olhar crítico e propositivo frente a esse desafio, alinhando a formação docente às demandas sociais atuais.

