Nesta terça-feira, 28 de outubro de 2025, o Rio de Janeiro vivenciou uma das operações policiais mais intensas dos últimos anos, marcada por uma ação massiva contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha. A Operação Contenção contou com a mobilização de 2.500 policiais civis e militares, visando capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial da facção.
Durante a operação, houve um saldo de 23 traficantes presos e quatro mortos, de acordo com informações iniciais. A ação foi fruto de mais de um ano de investigação e contou com a participação de promotores do Ministério Público Estadual. No entanto, o dia se revelou especialmente violento, com impactos significativos na cidade. Vias expressas como a Avenida Brasil e as linhas amarela e vermelha foram bloqueadas, causando transtornos generalizados no trânsito.
A situação se agravou com tiroteios em diversas comunidades, afetando moradores e refletindo na paralisação das atividades cotidianas. Uma moradora chegou a ser feita refém por criminosos, embora posteriormente tenha sido libertada pela polícia. Além disso, filas nos pontos de ônibus e vans de transporte complementar foram registradas, com trabalhadores sendo liberados mais cedo devido à situação de violência.
A operação também gerou reações fortes em outras comunidades, onde bandidos trocaram tiros com a polícia e diversos tiroteios foram registrados em represália. O caos gerado na cidade foi amplamente sentido, com escolas e unidades de saúde afetadas. No fim do dia, o número de mortes relacionadas à operação foi reportado em 64 pessoas, o que faz desta a operação mais letal já realizada na região em 15 anos.
Movimentos sociais e ativistas criticaram a abordagem da operação, destacando os efeitos desiguais nas comunidades periféricas. Fransérgio Goulart, diretor da Iniciativa Direto à Memória e Justiça Racial e militante do movimento de favelas, afirmou que o que se vê é uma guerra dentro de territórios negros e pobres, com a polícia agindo de forma diferente em comparação com áreas mais ricas da cidade. Goulart também questionou o alto orçamento destinado às ações policiais, argumentando que esses recursos poderiam ser usados para estratégias menos letais.
A operação reabriu debates sobre segurança pública no Rio de Janeiro, com algumas autoridades clamando por mais apoio federal no combate ao crime organizado. No entanto, o governo federal ainda não havia anunciado qualquer participação direta na operação. O balanço final da ação ainda pode sofrer alterações, mas o impacto social e político já é evidente.

