Home / Brasil e Mundo / Polícia divulga perfis dos mortos; 17 não tinham histórico criminal

Polícia divulga perfis dos mortos; 17 não tinham histórico criminal

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou o perfil de 115 das 117 pessoas mortas durante a Operação Contenção, realizada no dia 28 de setembro nos Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da cidade. A operação, que mobilizou cerca de 2,5 mil policiais, teve como objetivo principal conter o avanço do Comando Vermelho (CV) e cumprir mandados de prisão contra integrantes da facção, muitos deles de outros estados, evidenciando a extensão nacional do grupo criminoso. Conforme o relatório elaborado pela Ouvidoria Geral da Defensoria Pública do estado, mais de 95% dos mortos tinham ligação comprovada com o Comando Vermelho, e 54% eram oriundos de fora do Rio de Janeiro. A maioria também apresentava históricos criminais significativos, e 59 possuíam mandados de prisão pendentes. Apenas dois laudos periciais foram inconclusivos, enquanto 17 vítimas não tinham antecedentes criminais, porém 12 delas mostraram indícios de envolvimento com o tráfico através de suas redes sociais.

A operação resultou em 121 mortos até o momento, tornando-se a mais letal da história do Rio de Janeiro e uma das mais intensas no país. Entre os mortos, constam 60 suspeitos ligados ao Comando Vermelho, quatro policiais (dois civis e dois militares) e alguns moradores atingidos por disparos. Foram também feitas 81 prisões, e apreendidos 93 fuzis, além de grande quantidade de drogas. A ação policial enfrentou resistência armada sofisticada, incluindo o uso inédito de drones por traficantes para lançar explosivos contra as forças de segurança, indicando a escalada na violência e a complexidade do confronto.

O principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca”, líder do Comando Vermelho, conseguiu escapar mesmo com mandado de prisão preventiva contra ele. Segundo relatos oficiais, Doca utilizou “soldados” do tráfico para preparar uma barreira que lhe permitiu fugir da ação policial. Atualmente, o Disque Denúncia oferece uma recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à sua captura. A presença de chefes de organizações criminosas de 11 estados, abrangendo quatro das cinco regiões do Brasil, reforça a dimensão e a complexidade da facção e dos esforços para combatê-la.

A operação causou grande impacto social nas comunidades onde ocorreu, com relatos de intenso pânico, fechamento de comércios, escolas e postos de saúde, além da interdição de vias e alteração no transporte público. Especialistas em violência urbana alertam para os efeitos traumáticos prolongados sobre a população local, que sofre com o aumento de problemas de saúde física e mental decorrentes do medo e do estresse causados por esses confrontos violentos. A nova dinâmica do Comando Vermelho, que ampliou sua atuação econômica para além do tráfico de drogas, explorando serviços e recursos dentro dos territórios sob seu controle, torna a disputa territorial especialmente complexa e desafiadora para as forças de segurança.

A Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro instituiu um observatório para acompanhar a legalidade das ações das polícias Civil e Militar na Operação Contenção, evidenciando a necessidade de transparência e controle no uso da força em operações tão impactantes quanto esta. A identificação das vítimas foi um trabalho complexo, com auxílio de força-tarefa no Instituto Médico Legal, devido à presença significativa de mortos oriundos de outros estados, o que exigiu a cooperação entre diferentes polícias técnicas para a confirmação dos corpos. A divulgação integral dos nomes foi programada para um momento oportuno, buscando garantir o devido respeito às famílias e aos processos legais.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)