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Caminhos da Reportagem volta a Mariana dez anos após tragédia

Nesta segunda-feira (3), a TV Brasil exibe um episódio especial do programa *Caminhos da Reportagem* que revisita a tragédia de Mariana, ocorrida há dez anos no município mineiro. O episódio apresenta relatos emocionantes de sobreviventes, como Mônica Santos, que relembra a destruição do distrito de Bento Rodrigues, sua casa, a igreja e as memórias de sua família. A barragem de Fundão, da mineradora Samarco, rompeu-se em 2015, causando uma das maiores catástrofes socioambientais do país, que resultou na morte de 19 pessoas, no aborto de um bebê de uma das sobreviventes e na desabrigação de mais de 600 moradores dos distritos atingidos.

O impacto da tragédia ultrapassou Mariana, afetando cerca de 3 milhões de pessoas em Minas Gerais e no Espírito Santo, provocando danos ambientais, humanos e econômicos severos. Guilherme de Sá Meneghin, promotor de Justiça, define o rompimento como uma grave violação dos direitos humanos que se estende até hoje. Mônica Santos expressa um sentimento persistente de revolta e impotência, criticando a Samarco por sua omissão e pelo controle que ainda exerce sobre o processo de indenizações.

Após cinco anos de paralisação, a Samarco retomou suas operações em dezembro de 2020 e adotou o modelo de descarte a seco para 80% do rejeito de minério, buscando modificações após o desastre. Entretanto, o episódio destaca que o Brasil ainda enfrenta riscos significativos, com mais de 900 barragens no país, 74 delas em alto risco de colapso. Minas Gerais tem 31 barragens com alerta ou emergência declarados, o que mantém a população local, incluindo moradores dos distritos próximos às barragens de Itabirito, preocupada. Medidas como a construção de muros de contenção são vistas com ceticismo pelos moradores devido à falta de testes sobre a eficácia dessas estruturas.

O conceito de “terrorismo de barragem” é denunciado por Gilvander Luís Moreira da Comissão Pastoral da Terra, que define essa prática como uma estratégia para forçar a retirada de comunidades visando ampliar áreas mineradoras, prejudicando direitos de povos tradicionais. Especialistas como o jornalista e cientista ambiental Maurício Ângelo defendem a necessidade urgente de repensar o modelo de mineração no Brasil para evitar que tragédias como Mariana e Brumadinho se repitam, ressaltando a relevância da mineração na vida cotidiana, mas enfatizando a importância de garantir que traga benefícios reais para a sociedade e o meio ambiente.

A reportagem também aborda a lentidão nos processos de reparação e repactuação dos danos, com acordos bilionários firmados entre mineradoras e o poder público, mas que ainda não trouxeram os benefícios esperados para as comunidades atingidas. A memória da tragédia e o sentimento de insegurança permanecem vivos, reforçando o alerta para a necessidade de políticas eficazes de segurança, fiscalização rigorosa e maior responsabilidade social das empresas mineradoras.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)