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Balança comercial tem o segundo maior superávit para meses de outubro

Impulsionada pela recuperação nos embarques de soja e pela alta internacional do preço do café, a balança comercial brasileira registrou em outubro o segundo maior superávit para o mês desde o início da série histórica, em 1989. O saldo positivo no último mês chegou a US$ 6,964 bilhões, um aumento de 70,2% em relação aos US$ 4,091 bilhões registrados em outubro de 2024. Esse desempenho foi impulsionado pelas exportações, que somaram US$ 31,975 bilhões, um crescimento de 9,1% na comparação anual, enquanto as importações caíram 0,8%, totalizando US$ 25,010 bilhões.

As exportações brasileiras em outubro bateram recorde histórico para o mês, destacando-se setores como a agropecuária, que cresceu 24% com aumento de 15,9% no volume e 4,4% no preço médio dos produtos. Entre os principais produtos que impulsionaram esse crescimento estão a soja, com alta de 42,7%, o café não torrado, que subiu 16%, e o milho moído, que aumentou 7,2%. A indústria extrativa também teve avanço de 22%, impulsionada pelo minério de ferro (+29,5%), minérios de cobre (+198,5%) e óleos brutos de petróleo (+9%). A indústria de transformação apresentou crescimento mais modesto, de 0,7%, com destaque para a carne bovina fresca (+40,9%), máquinas e equipamentos especializados (+87,2%) e ouro não monetário (+71,7%).

Mesmo com o crescimento robusto das exportações, o saldo comercial acumulado de janeiro a outubro de 2025 registrou superávit de US$ 52,394 bilhões, valor 16,6% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior, mas ainda assim o quarto maior da série histórica. As exportações no acumulado chegaram a US$ 289,731 bilhões, com um crescimento de 1,9%, enquanto as importações subiram 7,1%, totalizando US$ 237,336 bilhões.

O desempenho das exportações tem sido especialmente impulsionado pela forte demanda da China, que preferiu a soja brasileira em detrimento da americana, sobretudo após a imposição de uma tarifa de 20% pelos chineses sobre a soja dos Estados Unidos. Isso resultou em recordes históricos nos embarques de soja, que devem alcançar 102,2 milhões de toneladas de janeiro a outubro, superando os volumes totais de anos anteriores. A China representa cerca de 93% das compras brasileiras de soja, fortalecendo a posição do Brasil como maior produtor e exportador mundial do grão.

Apesar do aumento nas vendas para mercados como China, Europa, Mercosul e Índia, as exportações para os Estados Unidos caíram 37,9% em outubro, uma consequência direta do “tarifaço” implementado pelo governo norte-americano. Esse impacto foi parcialmente compensado pela diversificação das exportações para a Ásia e a Europa.

Para o ano de 2025, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços projeta um superávit comercial de US$ 60,9 bilhões, com exportações totais estimadas em US$ 344,9 bilhões e importações em US$ 284 bilhões. Essa projeção, revisada trimestralmente, é mais conservadora que a expectativa de instituições financeiras, que aguardam saldo positivo de US$ 61,99 bilhões para o ano.

O cenário para o mercado da soja, um dos principais motores do resultado comercial, permanece favorável, com previsões de safra recorde, apesar dos riscos climáticos associados ao fenômeno La Niña, que pode afetar as regiões sulistas do país. Temperaturas amenas e chuvas em outras regiões podem mitigar os efeitos negativos, consolidando o Brasil como líder mundial na produção e exportação de soja, influenciando o balanço global de oferta e demanda.

Assim, mesmo diante de desafios comerciais e tarifários, o desempenho da balança comercial brasileira em outubro traduz a capacidade do país de diversificar seus mercados e aproveitar a alta dos preços internacionais de commodities, garantindo um saldo comercial robusto e histórico.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)