Em outubro de 2025, a caderneta de poupança no Brasil registrou um saldo negativo, com saques superando os depósitos em R$ 9,7 bilhões, marcando o quarto mês consecutivo de retirada líquida de recursos. No período, os depósitos totalizaram R$ 351,9 bilhões, enquanto os saques somaram R$ 361,6 bilhões, resultando em uma redução do estoque total da poupança, que ficou pouco acima de R$ 1 trilhão. Embora os rendimentos creditados tenham alcançado R$ 6,4 bilhões, esse valor não foi suficiente para compensar as retiradas realizadas pelos investidores.
No acumulado de 2025, a caderneta de poupança apresentou um resgate líquido de R$ 88,1 bilhões. Essa tendência se insere num contexto de saída contínua de recursos da poupança nos últimos anos, com retiradas líquidas de R$ 87,8 bilhões em 2023 e R$ 15,5 bilhões em 2024. Apenas nos meses de maio e junho deste ano houve influxo líquido positivo, o que não reverteu o quadro geral de desinvestimento.
A principal razão para essa tendência de saques está relacionada à manutenção da taxa Selic em níveis elevados, atualmente em 15% ao ano, taxa que tem se mantido desde julho, quando o Comitê de Política Monetária interrompeu o ciclo de aumentos após sete altas consecutivas. A alta da Selic torna investimentos que acompanham ou se beneficiam de juros mais altos mais atraentes em comparação à poupança, que tem seu rendimento afetado por essa dinâmica. Além disso, a autoridade monetária tem buscado controlar a inflação, cuja meta é 3%, enfrentando atualmente um índice acumulado de 5,17% nos últimos 12 meses até setembro, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O aumento da taxa básica de juros visa conter a demanda aquecida na economia, encarecendo o crédito e incentivando a formação de reservas por meio da poupança. No entanto, o impacto é complexo, pois enquanto a poupança pode ser beneficiada em termos relativos, a concorrência com outros investimentos considerados mais rentáveis tem provocado a saída líquida de recursos das cadernetas.
Esse cenário sinaliza mudanças no perfil dos investidores brasileiros, que, diante de um ambiente de juros altos e inflação ainda acima da meta, têm buscado alternativas que oferecem maior rendimento ou liquidez. A poupança, tradicionalmente vista como opção segura e acessível, enfrenta atualmente uma fase de desvalorização frente a produtos financeiros mais competitivos.

