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Projeto mapeia locais com vulnerabilidade climática e sugere soluções

Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) estão utilizando inteligência artificial e outras tecnologias para mapear as áreas do Brasil mais vulneráveis aos extremos climáticos e propor soluções específicas para cada região. O projeto Riskclima, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), investiga fenômenos climáticos das últimas seis décadas e elabora projeções para orientar políticas públicas e melhorar a qualidade de vida da população.

A equipe do Riskclima analisa quais são os eventos climáticos mais frequentes e intensos em cada região do país, identificando os riscos e sugerindo ações para mitigar seus impactos. A inteligência artificial é empregada para refinar modelos climáticos globais, adaptando-os à realidade brasileira e selecionando as melhores ferramentas de previsão. Assim, o projeto consegue detectar padrões e antecipar cenários futuros, contribuindo para decisões mais eficazes.

Um dos resultados mais surpreendentes foi o aumento das ondas de calor na Região Norte, especialmente nos últimos dez anos. Segundo o coordenador do projeto, Márcio Cataldi, essa região apresenta menor capacidade de adaptação, o que exige soluções criativas e respeitosas com as populações tradicionais, que precisam ser sensibilizadas sobre as mudanças climáticas e envolvidas em processos de educação ambiental.

No Sul do país, o principal desafio são as chuvas intensas e os bloqueios atmosféricos, que têm provocado enchentes devastadoras. O projeto aponta para a necessidade de mapear áreas de inundação, melhorar a manutenção de comportas e criar políticas públicas que sejam sustentáveis e independentes de mudanças governamentais.

Já no Sudeste e no Centro-Oeste, a seca se tornou um problema grave, afetando a agricultura, o abastecimento de água e a geração de energia. O uso de sensores de satélite da NASA permitiu acompanhar a diminuição da umidade do solo, evidenciando a necessidade de otimizar a irrigação, preservar os aquíferos e investir em energias renováveis. No Nordeste, a seca avança para um processo de desertificação, especialmente na região da Caatinga.

Os impactos climáticos também afetam diretamente a saúde pública. O aumento das ondas de calor eleva o risco de desidratação, trombose e infartos, principalmente entre idosos. O projeto destaca a importância de campanhas de conscientização sobre a hidratação e a necessidade de cuidadores estarem atentos aos sinais de alerta.

Antes do encerramento do projeto, previsto para 2026, será apresentado às autoridades brasileiras um relatório executivo com propostas de soluções para os diferentes problemas climáticos. O objetivo é contribuir para a criação de políticas públicas eficazes e urgentes, pois, segundo os pesquisadores, não se pode esperar até 2050 para agir. Os riscos climáticos já estão presentes e exigem respostas imediatas, adaptadas às realidades locais e baseadas em ciência.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)