O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, traz à tona uma discussão fundamental sobre as transformações demográficas e os desafios sociais associados ao envelhecimento da população no Brasil. Com mais de 4,8 milhões de inscritos, essa edição do exame não só reflete o interesse nacional por questões que envolvem o envelhecimento, mas também destaca o aumento significativo do número de idosos participando da prova, que cresceu 191% em relação a 2022. Essa tendência traduz o engajamento crescente da terceira idade em relação à educação e participação social ativa.
O envelhecimento populacional é um fenômeno que tem impacto direto em diversas áreas, como a saúde pública, o mercado de trabalho, a previdência social e as políticas públicas. Projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, até 2030, a população com 60 anos passará a ser maior do que a de jovens com 14 anos ou menos, e até 2070 os idosos podem representar mais de um terço da população brasileira. Essas mudanças trazem à tona o “tsunami prateado”, um termo usado para ilustrar essa onda crescente de idosos que exigirá ajustes significativos no sistema social e econômico do país.
Especialistas da área de educação e redação ressaltam que o tema estimula os candidatos a refletirem sobre o preconceito contra os idosos, conhecido como etarismo, e as violações de direitos que esse grupo ainda enfrenta, como a insuficiência e má gestão dos recursos da previdência, além da exclusão social. O Enem propõe que os estudantes abordem essas problemáticas de forma interdisciplinar, articulando dados demográficos, direitos sociais e as necessidades de formulação de políticas públicas mais eficazes e inclusivas, visando garantir uma velhice digna e ativa.
Além disso, o tema permite uma discussão sobre a representatividade da população idosa na sociedade, que ainda é limitada em diferentes setores, incluindo o meio artístico e midiático. Também é incentivada a proposição de intervenções sociais viáveis, respeitando os direitos humanos, como requisito obrigatório para a redação.
A escolha do tema segue a tradição do Enem de promover debates sociais relevantes, seguindo temas anteriores que abordaram grupos minoritários e questões de cidadania, como a valorização da herança africana e o reconhecimento do trabalho de cuidado realizado por mulheres. Dessa forma, o exame reforça seu papel social ao incentivar os jovens a pensar criticamente sobre realidades emergentes no Brasil e a importância de políticas públicas que acompanhem as transformações sociais associadas ao envelhecimento da população.

