A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) começou na manhã desta segunda-feira (10) em Belém, com uma vasta Agenda de Ações que precisa avançar e alcançar a vida das pessoas. Inicialmente, a previsão era concentrar os trabalhos em um programa unificado com 100 itens a serem construídos e acordados entre os 194 países presentes, mais a União Europeia. No entanto, já são 111 itens prioritários a serem trabalhados até o dia 21, quando termina a conferência.
No domingo (9), as negociações para o fechamento da Agenda de Ações foram até 23 horas, quando ainda havia impasse sobre oito solicitações de inclusão de itens que tratavam de temas complexos e relevantes para o futuro climático global. Entre as questões mais disputadas estavam o financiamento de países desenvolvidos para países em desenvolvimento, comércio internacional, revisão das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) consideradas insuficientes, avaliação do Relatório Bienal de Transparência (BRT), condições especiais para transição climática em países africanos, saúde e clima, mudanças climáticas em áreas de montanhas e implementação do Balanço Global (GST) em áreas de florestas.
Segundo Túlio Andrade, diretor de estratégia e alinhamento da COP30, o tema sobre implementação do GST em áreas de florestas foi retirado voluntariamente para que os impasses sobre a agenda não interferissem no começo das negociações. O tema sobre saúde e clima foi incorporado ao item que trata de adaptação, demonstrando a flexibilidade necessária para manter o processo em andamento.
Os temas sobre condições especiais para transição climática em países africanos e mudanças climáticas em áreas de montanhas serão analisados individualmente pela presidência da COP30, assim como os demais, que passarão por uma análise em bloco. Conforme explicou Andrade, esses temas vão para consultas da presidência, que lidera o processo a partir de agora, com uma plenária prevista para quarta-feira (12), quando será informada a decisão a todos.
Em coletiva à imprensa, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, agradeceu o esforço das delegações no empenho de fechar a agenda, permitindo que o início das negociações pudesse ocorrer já a partir desta segunda-feira, sem maiores atrasos. “Eu tenho que agradecer aqui, em frente a todas as delegações, pelo fantástico acordo que elas alcançaram, resguardando a Agenda ontem, bastante tarde da noite. Esse acordo vai, não apenas, nos permitir trabalhar intensamente hoje, como vai nos permitir explicar ao mundo como esses recursos adicionais importam”, declarou Corrêa do Lago.
A Agenda de Ação, pilar fundamental da Convenção do Clima, mobiliza ações climáticas voluntárias da sociedade civil, empresas, investidores, cidades, estados e países para intensificar a redução das emissões, a adaptação às mudanças do clima e a transição para economias sustentáveis. Na COP30, essa agenda busca transformar compromissos em ações concretas, dando transparência ao impacto das soluções já em curso no verdadeiro espírito de um mutirão global contra a crise climática.
Os trabalhos que se estendem até 21 de novembro representam uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global, ao mesmo tempo em que permite ao país demonstrar seus esforços em áreas como energias renováveis, biocombustíveis, agricultura de baixo carbono e proteção florestal. Com 111 temas prioritários em pauta, a COP30 em Belém promete ser um evento marcante para o futuro da agenda climática global.

