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Exposição mostra relação da escravidão com o momento presente

# Museu Histórico Nacional reabre com exposição global sobre resistência negra

Após quase um ano fechado para reformas, o Museu Histórico Nacional, localizado em frente à Baía de Guanabara no Centro do Rio de Janeiro, reabre parcialmente nesta quinta-feira, 13 de novembro, marcando um momento significativo para a instituição e para o patrimônio cultural brasileiro. A reabertura é acompanhada pela estreia da exposição “Para além da escravidão: construindo a liberdade negra no mundo”, resultado de uma curadoria compartilhada inédita que envolve museus de cinco países: Estados Unidos, África do Sul, Senegal, Inglaterra e Bélgica.

A exposição representa um projeto ambicioso de colaboração internacional, organizado pelo Instituto Smithsonian dos Estados Unidos. Como explicou a historiadora e curadora brasileira Keila Grinberg, trata-se de uma iniciativa onde “todo mundo participou da concepção e da circulação dos objetos que estarão expostos”. A proposta é profundamente reflexiva, abordando a escravidão como um fenômeno global que envolveu todos os países do Atlântico entre os séculos 15 e 19, mas também estabelecendo conexões com o presente, refletindo sobre como essa história ressoa nas lutas contemporâneas por liberdade e igualdade.

O acervo da mostra é impressionante em sua amplitude, reunindo cerca de 100 objetos históricos, 250 imagens e 10 filmes que retratam a resistência de povos africanos e afrodescendentes em diversos contextos e continentes. Entre os artefatos expostos estão objetos ritualísticos de candomblé, obras de arte, registros visuais de manifestações políticas e culturais, incluindo fotografias históricas como a dos protestos contra o Apartheid em Soweto, na África do Sul, em 1976.

A exposição funcionará de quarta a domingo, exceto feriados, das 10h às 17h, com entrada gratuita. Ela permanecerá em cartaz até 1º de março de 2026. Após passar pelo Rio de Janeiro, a mostra seguirá seu trajeto internacional visitando a Cidade do Cabo na África do Sul, Dakar no Senegal e Liverpool na Inglaterra — cidades todas marcadas por histórias ligadas ao tráfico atlântico de escravizados e à construção de identidades negras pós-coloniais.

A reabertura do Museu Histórico Nacional integra-se a um projeto maior de reflexão sobre a história de resistência negra na cidade. Como parte dessa iniciativa, outras três exposições temáticas serão simultaneamente apresentadas em diferentes instituições cariocas. No Arquivo Nacional, no Centro, abre no dia 14 de novembro a mostra “Senhora Liberdade: mulheres desafiam a escravidão”, que permanecerá até 30 de abril. No Instituto Pretos Novos, na Zona Portuária, “Conversas Inacabadas” fica em cartaz de 14 de novembro a 15 de dezembro. E no Museu do Samba, na Mangueira, a exposição “Arte delas: heranças ancestrais” será exibida de 15 de novembro até o fim de fevereiro.

A instituição passa por um processo de modernização estrutural, com a reabertura completa prevista para o primeiro semestre de 2026. Quando totalmente restaurado, o museu contará com novas alas interativas e narrativas ampliadas sobre a formação da sociedade brasileira. Essa reabertura parcial representa não apenas a recuperação de um espaço físico, mas o reposicionamento do Museu Histórico Nacional como um espaço de diálogo crítico sobre o passado e o presente das lutas por liberdade e igualdade racial — temas que permanecem centrais na história e na cultura do país.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)