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Encontro de Nei Lopes e Luiz Antonio Simas exalta identidade negra

Nesta quarta-feira (12), às 17h30, os autores e compositores Nei Lopes e Luiz Antonio Simas se encontram no clube de leitura do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro para um debate sobre seus livros, escolhidos pelo público participante. Nei Lopes discutirá sua obra “Bantos, malês e identidade negra” (4ª edição, 2021), enquanto Luiz Antonio Simas falará sobre “O Corpo Encantado das Ruas” (2019). O evento acontece em um momento simbólico, oito dias antes do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro.

O livro de Nei Lopes desconstrói uma visão distorcida que predominou na historiografia brasileira até a década de 1970, a qual exaltava os negros malês — escravizados oriundos do litoral do Benim, Nigéria e Togo — em detrimento dos bantos, considerados intelectualmente inferiores. Lopes explica que essa valorização dos malês se dava por sua condição de letrados, pela formação religiosa muçulmana e pelo protagonismo na Revolta dos Malês, um levante ocorrido em 1835 na Bahia. Contudo, ele aponta que o escravismo brasileiro foi majoritariamente banto, originado na África Subsaariana, especialmente das regiões do Congo e Angola, e que essa matriz cultural é a base da música, das danças dramáticas, da linguagem, da farmacologia, das técnicas de trabalho e das estratégias de resistência no Brasil. Lopes explica que percebeu essa falsa ideia da predominância malê principalmente nas festas de carnaval, que faziam a apoteose dos malês, enquanto ele via que a cultura popular brasileira e o samba tinham raízes banto.

Por sua vez, Luiz Antonio Simas aprofunda a compreensão da presença negra a partir da sua vivência nas ruas do Rio de Janeiro, cidade que recebeu majoritariamente povos bantos trazidos pelos escravizadores. Em “O Corpo Encantado das Ruas”, Simas argumenta que a cultura carioca e sua forma de relação com o espaço urbano são profundamente marcadas pela africanidade, especialmente pela influência negra banto. A vivência das ruas do Rio — palco de manifestações culturais e sociais — reflete essa identidade negra que se constrói diariamente no convívio urbano e na expressão popular.

O encontro entre os autores, promovido pelo clube de leitura do CCBB, representa um espaço importante para a reflexão sobre a história, cultura e identidade negra no Brasil, especialmente no momento que antecede as celebrações da Consciência Negra, fortalecendo o diálogo sobre as contribuições afro-brasileiras e a resistência cultural presente nas cidades brasileiras.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)