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Em sabatina no Senado, Gonet diz que não há criminalização da política

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu sua atuação no processo da trama golpista que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de aliados por tentativa de golpe de Estado durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Gonet afirmou que sua atuação foi técnica e imparcial, sem criminalizar a política ou tomar partido, ressaltando que as acusações foram feitas com base em avaliações extensas e cuidadosas dos fatos. Ele também destacou que, no processo, houve amplo uso de acordos de não persecução penal para os investigados que reconheceram os erros e aceitaram medidas de reparação, o que permitiu que muitos mantivessem o status de réu primário. Até o final de outubro, 568 investigados foram beneficiados por esses acordos, enquanto 715 foram condenados e 12 absolvidos, em sua maioria por solicitação do Ministério Público Federal (MPF).

Paulo Gonet criticou ainda os vazamentos ilegais e evitou fazer comentários públicos sobre o andamento do processo, respeitando o sigilo judicial de forma rigorosa. Em sua fala, defendeu seu trabalho no combate ao crime organizado e em casos importantes, como os desvios no INSS e o acordo após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG). Durante a sabatina, aliados do ex-presidente, como o senador Flávio Bolsonaro, criticaram duramente a atuação do procurador, acusando-o de perseguir politicamente os Bolsonaros e questionando a condução das investigações, inclusive com ataques pessoais contra o relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes.

Em resposta, Gonet negou qualquer motivação política, afirmando que suas ações seguem critérios técnicos e jurídicos rigorosos. Ele também mencionou a carta de apoio da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que manifestou respaldo à sua recondução para mais dois anos no cargo, reconhecendo o trabalho e os compromissos éticos do procurador-geral.

A sabatina ocorre no momento em que o Senado debate a recondução de Paulo Gonet para mais um mandato como procurador-geral da República, com votação prevista ainda para esta quarta-feira. O processo da trama golpista, em que Bolsonaro e aliados foram condenados por tentar anular as eleições e impedir a posse do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerou grande repercussão política e judicial no país, polarizando opiniões no Senado e na sociedade.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)