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Brasil lança na COP plano para adaptação do SUS às mudanças climáticas

O Ministério da Saúde lança nesta quinta-feira (13), durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, o primeiro plano internacional de adaptação climática dedicado exclusivamente à saúde. Elaborado em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e coordenado pelo Brasil em conjunto com Reino Unido, Egito, Azerbaijão e Emirados Árabes — integrantes do grupo de Baku, responsável pelas últimas cinco COPs — o Plano de Ação em Saúde de Belém apresenta ações concretas para preparar os sistemas de saúde dos países para os impactos das mudanças climáticas, com foco especial nas populações mais vulneráveis.

O documento responde ao crescente desafio que eventos climáticos extremos, como enchentes e secas, representam para os sistemas de saúde. O aumento das temperaturas, por exemplo, tem impulsionado a proliferação de doenças como a dengue, elevado a mortalidade por calor extremo e agravado condições relacionadas à poluição do ar e doenças respiratórias. O plano propõe três grandes linhas de ação: a criação e integração de sistemas de vigilância climática e sanitária para antecipar riscos e emitir alertas precoces; o fortalecimento da infraestrutura das unidades de saúde para que sejam resilientes a desastres, garantindo estoques estratégicos de água, energia e conectividade; e a atenção focada às populações vulneráveis, assegurando serviços permanentes como exames e cirurgias.

Um exemplo concreto da aplicação do plano será a reconstrução das unidades de saúde na cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, devastada por um tornado recente. As unidades serão projetadas para resistir a situações extremas, com infraestrutura adaptável que mantenha, por exemplo, os sistemas de informação e o fornecimento de medicamentos mesmo diante de falhas na conexão ou outras emergências.

O Ministério da Saúde destaca que a adesão ao plano internacional é voluntária, mas espera-se que dezenas de países divulguem seu compromisso para implementar essas ações. Para tornar o plano realidade, haverá um redirecionamento de recursos orçamentários existentes, além da busca por investimentos privados e financiamentos internacionais. Já foram captados cerca de US$ 160 milhões para ações de adaptação da saúde no Brasil, e o governo está negociando financiamento de mais de US$ 350 milhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS para construir hospitais inteligentes, resilientes e preparados para emergências climáticas.

A iniciativa reafirma o papel do Brasil na liderança mundial da integração entre saúde e clima, buscando colocar a saúde como tema central na agenda climática global. Durante a COP30, o país fortalecerá esta perspectiva por meio de debates científicos, lançamentos estratégicos e a articulação de políticas de adaptação que beneficiem não apenas o território amazônico, mas todo o sistema de saúde brasileiro. O plano também enfatiza princípios como a justiça climática, a equidade em saúde, a participação social ampla e a governança integrada entre governos, sociedade civil e setor privado.

Em suma, o Plano de Ação em Saúde de Belém representa um marco na luta global para adaptar o setor de saúde aos efeitos da crise climática, promovendo medidas de prevenção, fortalecimento estrutural e inovação sustentável que visam proteger vidas e reduzir desigualdades em um contexto de mudanças ambientais cada vez mais desafiadoras.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)