O ex-prefeito de Lajeado (RS), Marcelo Caumo, pediu afastamento do cargo de secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano após ser alvo da Operação Lamaçal, deflagrada pela Polícia Federal (PF) com o apoio da Controladoria Geral da União (CGU). A operação investiga crimes contra a administração pública e lavagem de capitais decorrentes do desvio de recursos públicos federais do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), destinados ao município durante as enchentes de maio de 2024, consideradas as maiores da história do Rio Grande do Sul.
A apuração aponta irregularidades em um procedimento licitatório realizado pela Prefeitura de Lajeado para contratação de empresa de prestação de serviços terceirizados, como psicólogos, assistentes sociais, educadores sociais, auxiliares administrativos e motoristas. A dispensa da licitação ocorreu sob a justificativa do estado de calamidade pública decretado pela cidade. No entanto, há indícios de que a contratação direta tenha sido feita sem buscar a proposta mais vantajosa e com valores acima do mercado, totalizando aproximadamente R$ 120 milhões em contratos.
Durante a operação, que cumpriu 35 mandados de busca e apreensão em vários municípios do Rio Grande do Sul, foram apreendidos 10 veículos e bloqueados ativos no montante de cerca de R$ 4,5 milhões. Entre os locais vasculhados, esteve o escritório de advocacia ligado a Marcelo Caumo. O impacto social do desvio dos recursos compromete medidas emergenciais essenciais para atender à população afetada pela catástrofe climática.
Marcelo Caumo ocupava a secretaria estadual desde abril de 2025 e defendeu-se afirmando que ainda não teve acesso aos dados do processo, mas pretende apresentar sua defesa, manifestando sentimento de injustiça. O governo do Rio Grande do Sul esclareceu que a investigação não tem relação com a atuação de Caumo na secretaria estadual, separando os fatos do período em que ele ocupava o cargo público estadual daquele em que foi prefeito de Lajeado, cargo que exerceu entre 2017 e 2023.
