# COP30 Entra na Semana Decisiva com Participação de Ministros para Fechar Acordos Climáticos
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, entrou nesta segunda-feira (17 de novembro) em sua semana mais crítica, com a participação direta de ministros dos países para tentar fechar, por consenso, os acordos que guiarão as ações climáticas no próximo período. O segmento político de alto nível marca uma mudança significativa na dinâmica das negociações: enquanto a primeira semana foi dedicada à formulação técnica de textos pelos órgãos subsidiários, agora chefes de delegações de primeira linha possuem maior margem política para avançar nas discussões.
Na noite de domingo (16), a presidência da COP divulgou um resumo das consultas abordando quatro itens cruciais de agenda, incluindo o apelo por ampliação das metas climáticas nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e o financiamento público de países desenvolvidos a países em desenvolvimento. No entanto, nenhum desses itens obteve aclamação para entrar formalmente na agenda de ação, sinalizando as dificuldades que persistem nas negociações.
Entre os temas mais sensíveis está a Meta Global de Adaptação (GGA), um dos principais resultados esperados desta COP. Apesar de ser considerada crucial, ainda não há consenso em torno de uma proposta consolidada. Especialistas avaliam que o documento reflete com fidelidade o panorama técnico das negociações, exaltando a importância do multilateralismo e fazendo referência ao Acordo de Paris, mas destacam ausências preocupantes. A falta de referências concretas sobre caminhos para zerar o desmatamento e fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis é apontada como um ponto negativo que precisa ser revertido nas salas de negociação. O presidente Lula e a ministra Marina Silva já trouxeram esse tema na abertura da conferência, com apoio de mais de 60 países, mas é necessário que seja formalizado nos textos de decisão.
Na plenária de alto nível realizada na manhã desta segunda-feira em Belém, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckkim, reforçou o objetivo do governo brasileiro com a implementação de mapas de ação integrados. De acordo com Alckkim, esses mapa devem acelerar a transição energética, erradicar o desmatamento ilegal e promover cooperação entre governos, empresas e comunidades locais. Para o Brasil, esses são os principais legados a serem deixados pela COP30.
## A Questão da Adaptação Climática
O tema da adaptação segue sob suspense. Um rascunho foi finalizado ainda na semana passada por técnicos, estabelecendo um texto-base para a adoção de 100 indicadores globais de adaptação. Contudo, há resistência do Grupo Africano, que representa 54 países do continente, com apoio dos países árabes, que defendem estender o trabalho técnico por mais dois anos e postergar a decisão final para 2027.
Os indicadores globais de adaptação representam um ponto de partida fundamental para monitorar se os países estão avançando nas ações de adaptação e resiliência. Paralelamente, a conferência também discute os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) e o Fundo de Adaptação (AF), ambos com rascunhos já finalizados para análise nesta semana.
Além desses temas, o segmento político também deve abordar o financiamento climático, o pacote de adaptação, as metas de descarbonização e a transparência nos critérios de dados. Questões como o “roadmap do petróleo” e a transição justa, que demanda a criação de um programa de trabalho específico no âmbito da COP, também permanecem sem consenso e seguem para análise ministerial.
A semana que se desenrola em Belém é decisiva para determinar se a COP30 conseguirá transformar os diagnósticos técnicos em acordos reais ou se sairá da conferência apenas com uma lista de impasses. O secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Simon Stiell, alertou que existe vontade entre os países, mas ainda falta velocidade nos acordos, e que quando as questões entram em “hora extra”, todos perdem.

