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Caminhos da Reportagem analisa ação policial mais letal do país

A Operação Contenção, realizada em 28 de outubro de 2025, ficou marcada como a ação policial mais letal da história do Brasil. Mobilizando cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, a operação teve como alvo os complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, para cumprir mandados de prisão contra suspeitos ligados ao Comando Vermelho, uma das principais facções criminosas do país. O confronto resultou na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais, além de 113 presos e uma grande quantidade de armas apreendidas, configurando uma das maiores mobilizações repressivas já realizadas no estado.

A operação, que se estendeu do início da manhã até o final da tarde, envolveu o uso de helicópteros, blindados, veículos de demolição e um forte aparato policial. O alto número de mortos e a intensidade dos combates trouxeram à tona um debate sobre a política de segurança pública adotada no Rio de Janeiro nas últimas quatro décadas, marcada por ações ostensivas e incursões armadas em territórios controlados por facções. A reação violenta do tráfico incluiu barricadas e tiros, gerando uma atmosfera de guerra urbana e provocando uma crise na segurança da cidade.

Famílias das vítimas compartilharem relatos dolorosos que ilustram o impacto humano da operação. Débora Velloso, mãe do policial civil Rodrigo Velloso, expressou a devastação pela perda do filho durante o confronto. Tauã Brito, mãe de Wellington Brito, jovem de 20 anos que morreu durante a ação, contou o desespero vivido ao tentar fazer com que seu filho se entregasse à polícia, expressão do drama das pessoas comuns envolvidas no conflito.

Por outro lado, as autoridades estaduais, como o governador Cláudio Castro, defenderam a operação como histórica e resultado de um planejado esforço de investigação e repressão ao crime organizado, destacando o cumprimento de mandados judiciais e o combate à expansão do Comando Vermelho.

Entretanto, especialistas em segurança pública apresentaram críticas à eficácia das operações militares no enfrentamento das facções criminosas. Carolina Grillo, coordenadora do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, afirmou que ações desse tipo não conseguem desarticular o controle territorial armado ou os mercados ilegais que operam nas favelas, apontando para a ineficiência de mais de 40 anos desse modelo de confronto direto. Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, alertou para a criação de um ambiente de guerra permanente, alimentado por respostas violentas e pelo surgimento de um mercado de guerra que favorece o aumento do caos urbano.

Para além do combate armado, os especialistas defendem que soluções efetivas passam pelo combate à corrupção, melhorias no sistema prisional e a desarticulação do financiamento das organizações criminosas. Além disso, enfatizam a necessidade de políticas públicas que promovam inclusão social, investimento em arte, cultura e esporte, oferecendo alternativas de vida aos jovens das comunidades, para romper o ciclo de recrutamento pelo tráfico.

O episódio do programa “Caminhos da Reportagem”, exibido pela TV Brasil, trouxe um olhar aprofundado sobre essa operação, reunindo testemunhos de familiares, visões das autoridades e análises críticas de pesquisadores em segurança pública. A discussão provocada pela Operação Contenção reacende o debate sobre os caminhos para uma segurança pública que busque não apenas o enfrentamento violento, mas a transformação social das áreas mais vulneráveis da cidade.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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