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STF: Castro diz que imagens de câmeras de policiais foram preservadas

# Operação Contenção: A ação policial mais letal da história do Rio de Janeiro

Na madrugada de 28 de outubro de 2025, o Rio de Janeiro vivenciou um dos seus momentos mais críticos quando o Governo do Estado iniciou a Operação Contenção, uma megaoperação conjunta das polícias Civil e Militar que se tornaria a mais letal da história do estado. O objetivo declarado era combater a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, além de cumprir aproximadamente 100 mandados de prisão contra integrantes da facção criminosa.

Cerca de 2.500 agentes policiais participaram da operação, que foi lançada durante a madrugada para executar os mandados de prisão. As equipes policiais encontraram traficantes fortemente armados e enfrentaram uma forte resistência. Os criminosos rapidamente ergueram barricadas, algumas em chamas, em diversas áreas dos dois complexos. Em retaliação, organizações criminosas utilizaram drones e bombas contra as equipes das forças especiais, ao mesmo tempo em que incendiaram veículos, espalharam caçambas de lixo e posicionaram 71 ônibus nas vias para bloquear importantes avenidas da cidade, como a Avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha.

A operação resultou em números alarmantes. Até 29 de outubro, o governo estadual contabilizou 119 mortos, entre eles quatro policiais. Há indícios de que os números superem 136 mortos, considerando corpos ainda não verificados. A ação apreendeu mais de uma tonelada de drogas e 118 armas, incluindo 93 fuzis. Confrontos intensos ocorreram durante todo o dia, e em muitas regiões, o acesso por ambulâncias e rabecões do Instituto Médico Legal (IML) era impossível, visto que diversas das principais vias das localidades foram bloqueadas pelo próprio crime organizado.

Uma situação particularmente dramática emergiu quando moradores dos complexos encontraram mais de 60 corpos em uma mata na divisa entre as duas regiões. Sem acesso de bombeiros, policiais ou qualquer órgão público, os próprios moradores carregaram esses corpos até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha. Essa ação levou a Polícia Civil do Rio de Janeiro a abrir uma investigação contra as famílias das vítimas e outras pessoas que participaram do translado dos corpos, acusando-os de fraude processual.

Porém, em 10 de novembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou a suspensão imediata desse inquérito, reconhecendo as denúncias de supostos abusos e irregularidades cometidas durante a Operação Contenção. O ministro também ordenou que o delegado responsável pela investigação prestasse informações ao STF em 48 horas, além de determinar a preservação rigorosa de todos os elementos materiais relacionados à operação, incluindo perícias e cadeias de custódia.

Moraes também ordenou que o governo estadual enviasse ao STF todos os laudos de autópsia e necropsia, incluindo registros fotográficos e demais documentos periciais. O ministério público do Rio de Janeiro posteriormente enviou um relatório parcial ao STF mencionando lesões atípicas encontradas em alguns cadáveres, incluindo marcas de tiros à curta distância e um corpo decapitado por instrumento cortante.

A Comissão de Direitos Humanos do Senado solicitou esclarecimentos ao governo do Rio de Janeiro sobre a operação, considerando-a a mais letal na história do estado. Repressentantes de entidades de defesa de direitos humanos também se reuniram com Moraes para discutir os desdobramentos da ação.

Moraes tornou-se relator temporário da ADPF das Favelas (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 635) após a aposentadoria do ex-ministro Luiz Roberto Barroso. Esta ação estabelece regras para diminuir a letalidade policial no Rio de Janeiro. O ministro também determinou que a Polícia Federal abra um inquérito autônomo para investigar o crime organizado no Rio de Janeiro, com foco especial em esquemas de lavagem de dinheiro e infiltração de criminosos no poder público.

Um aspecto controverso da operação foi que um dos principais alvos, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca e considerado o número 2 do Comando Vermelho, conseguiu escapar. Ele possuía um mandado de prisão preventiva decretado antes da operação, e o Disque Denúncia passou a oferecer uma recompensa de R$ 100 mil por informações que levassem à sua captura.

No dia 3 de novembro, o governo do Rio apresentou 18 esclarecimentos a Moraes sobre a operação. O governador Cláudio Castro argumentou que a Operação Contenção deve ser reconhecida como uma “política pública de defesa institucional”, resultado de trabalho de investigação prolongada da Polícia Civil e do Ministério Público. O governo classificou a operação como “divisor de águas” no enfrentamento à criminalidade, afirmando que demonstra que a presença do Estado é permanente e o compromisso institucional com a paz social é inegociável.

Recentemente, Castro informou ao ministro Moraes que as imagens das câmeras corporais utilizadas pelos policiais foram preservadas. De acordo com o governador, câmeras foram usadas por 60 policiais, e as gravações desses equipamentos foram salvas. Contudo, parte dos equipamentos apresentou falhas, que causaram a inoperância de 30 câmeras. O governador também informou que enviará à Corte as cópias dos laudos necroscópicos dos mortos na operação por meio de uma rede privada (VPN) devido ao conteúdo sensível dos documentos.

A Operação Contenção permanece sob intenso escrutínio judicial e aguarda investigações mais profundas sobre as circunstâncias das mortes, a conduta dos agentes envolvidos e as possíveis irregularidades cometidas durante a ação.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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