Na Praça da República, em Belém do Pará, um espaço simbólico e político ganhou destaque durante a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). A Black Zone, montada especialmente para o evento, se transformou em ponto de encontro, troca de vivências e debate para mulheres negras de diferentes regiões do Brasil. Longe dos holofotes das negociações oficiais, esse território paralelo à COP30 tem sido palco de reflexões profundas sobre justiça climática, racial e de gênero, reunindo vozes que historicamente são silenciadas nos grandes fóruns internacionais.
As atividades na Black Zone têm como objetivo amplificar as demandas das mulheres negras, quilombolas e de comunidades tradicionais, que enfrentam os impactos mais severos das mudanças climáticas, mas raramente são ouvidas nas decisões globais. Durante os encontros, as participantes discutem temas como racismo ambiental, acesso a financiamento climático, direitos territoriais e a necessidade de políticas públicas que garantam dignidade, ar limpo, água potável e alimentação saudável para populações historicamente marginalizadas.
O manifesto lançado pela Marcha das Mulheres Negras por Justiça Climática, durante um evento na sede do Ministério Público Federal em Belém, reforça o compromisso com uma agenda política que une justiça climática e reparação histórica. O documento, construído coletivamente por dezenas de organizações e ativistas, aponta caminhos para que as vozes dessas mulheres sejam incorporadas nas discussões e decisões sobre o futuro do planeta.
Além dos debates, a Black Zone também serve como preparação para a Marcha das Mulheres Negras, que mobiliza milhares de pessoas em defesa dos direitos e da dignidade das mulheres negras. A mobilização, marcada para acontecer em Brasília, reforça a importância de unir lutas ambientais, raciais e de gênero, mostrando que não há justiça climática sem justiça social.

