No próximo sábado, o Renascença Clube, no Andaraí, zona norte do Rio de Janeiro, será palco da oitava edição do Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba, um evento que já se tornou referência na celebração do protagonismo feminino no samba. A homenagem desta edição será dedicada às cantoras e compositoras Dona Ivone Lara, em memória, e Nilze Carvalho, ambas figuras marcantes na história do samba brasileiro. A roda de samba, considerada a maior do mundo, acontece simultaneamente em trinta cidades do Brasil e do exterior, reunindo centenas de mulheres em celebração à arte, à ancestralidade e à resistência feminina.
O Encontro foi idealizado pela sambista carioca Dorina Guimarães, que desde 2018 vem promovendo a união de mulheres em torno do samba, incentivando a inclusão, a diversidade cultural e o empoderamento feminino. O movimento começou em 11 cidades brasileiras e algumas na Argentina e Uruguai, e hoje já se espalha por dezenas de localidades, cada uma organizada por uma coordenadora escolhida pelo grupo local. A iniciativa busca garantir que o evento seja democrático e acessível, com a participação de mulheres de diferentes origens, idades e trajetórias, incluindo aquelas em situação de violência, pessoas trans e pessoas com deficiência.
A programação do Encontro no Rio de Janeiro conta com a apresentação da cantora e jornalista Bia Aparecida, além da direção musical de Ana Paula Cruz e Roberta Nistra. Durante as seis horas de evento, o palco receberá nomes como Ana Costa, Dayse do Banjo, Lu Oliveira, Patrícia Mellodi e Lazir Sinval, além dos grupos Herdeiras do Samba, Matriarcas do Samba e Mulheres da Pequena África. A roda de samba é aberta com três sambas escolhidos pela homenageada nacional, executados em todos os locais participantes ao mesmo tempo, criando uma atmosfera de união mundial das mulheres sambistas.
Para Dorina Guimarães, o Encontro é muito mais do que um evento musical: é um movimento político e social que fortalece a presença feminina em um espaço historicamente dominado por homens. “Fiz uma chamada dizendo ‘quero o movimento das mulheres que querem fazer samba, querem estar junto em uma roda, aquela coisa de orar através do samba e do batuque’”, conta. Ela destaca que, ao longo dos anos, o evento tem ajudado muitas artistas a se inserirem no mercado musical e influenciado outros movimentos de samba pelo país.
A celebração também é marcada pela troca de experiências, saberes e ancestralidade, com a presença de mulheres que trazem em suas histórias as memórias de mães, avós e tias, fortalecendo a rede de proteção e cuidado mútuo. O Renascença Clube, espaço histórico da cultura afro-brasileira e do samba carioca, recebe o evento revitalizado e totalmente acessível, reafirmando seu papel como berço da cultura negra e do samba. O Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba continua sendo um marco na luta por visibilidade, inclusão e empoderamento das mulheres no universo do samba.

