# Lula conversa com Trump sobre tarifas e crime organizado em chamada de 40 minutos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou nesta terça-feira (2 de dezembro) para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma conversa que durou 40 minutos e foi descrita como “muito produtiva” pelo Palácio do Planalto. Durante o contato, os dois líderes discutiram temas da agenda comercial, econômica e de combate ao crime organizado entre os dois países.
Na conversa, Lula elogiou a recente decisão dos Estados Unidos de retirar a tarifa adicional de 40% imposta a produtos brasileiros como carne bovina, café, frutas e outras commodities agrícolas[1]. No entanto, o presidente brasileiro ressaltou que ainda há muitos produtos que permanecem tarifados e que o Brasil deseja “avançar rápido” nas negociações para sua remoção. De acordo com o governo, aproximadamente 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos ainda estão sujeitas às sobretaxas, uma redução em relação aos 36% que permaneciam tarifados no início da imposição das alíquotas[1].
A retirada parcial das tarifas ocorreu em 20 de novembro, quando a Casa Branca anunciou a remoção de 238 produtos da lista do tarifaço, incluindo café, chá, frutas tropicais, sucos de frutas, cacau, especiarias, banana, laranja, tomate e carne bovina[4]. Esta decisão teve impacto direto na inflação americana, uma vez que produtos como café subiram 18,9% entre setembro de 2024 e 2025, e carne bovina aumentou 14,7% no mesmo período[4].
## O contexto das negociações comerciais
As tarifas impostas pelo governo Trump fazem parte de uma estratégia mais ampla de política comercial da Casa Branca, que busca aumentar as barreiras alfandegárias contra parceiros comerciais na tentativa de reverter a perda de competitividade econômica dos Estados Unidos[1]. O processo iniciou-se em abril de 2025, quando Trump impôs barreiras de 10% de acordo com o tamanho do déficit comercial de cada país com os EUA. Em seguida, em agosto de 2025, foi implementada a sobretaxa adicional de 40% contra o Brasil, alegada como retaliação a políticas que supostamente prejudicariam as big techs americanas e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro[1].
O diálogo recente entre os presidentes, incluindo um encontro na Malásia em outubro e outros contatos telefônicos, tem influenciado as decisões americanas de revogar parte das tarifas[1]. As equipes dos dois países têm mantido negociações contínuas sobre o tema. O Brasil agora busca avançar nas tratativas para remover novos produtos da lista de itens tarifados, com foco especial nos bens industriais, que têm maior dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.
Além das questões tarifárias, temas não tarifários permanecem na pauta de discussão entre os países, incluindo terras raras, políticas para big techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center.
## Cooperação no combate ao crime organizado
Durante a conversa, Lula também enfatizou a urgência de reforçar a cooperação com os Estados Unidos no combate ao crime organizado internacional[1]. O presidente brasileiro destacou as operações recentes realizadas pelo governo federal brasileiro com o objetivo de “asfixiar financeiramente” as organizações criminosas e informou sobre ramificações dessas facções que operam a partir do exterior.
Trump respondeu ressaltando sua total disposição em trabalhar em conjunto com o Brasil e oferecendo apoio integral a iniciativas conjuntas para enfrentar essas organizações criminosas[1]. A questão da cooperação no combate ao crime organizado também tem sido prioridade do ministério da Fazenda brasileiro, que identificou esquemas de evasão de divisas e lavagem de dinheiro que utilizam paraísos fiscais, particularmente o estado de Delaware, nos Estados Unidos, como intermediários para tirar dinheiro do Brasil e trazê-lo de volta “lavado”[1].
Os dois presidentes concordaram em manter contato frequente para acompanhar o progresso dessas iniciativas, demonstrando compromisso mútuo em prosseguir com as negociações e a cooperação bilateral nos próximos períodos.

