# São Paulo registra recorde de feminicídios em 2025
A cidade de São Paulo atingiu um triste marco em 2025. Entre janeiro e outubro, foram registrados 53 casos de feminicídio, o maior número desde que a série histórica começou a ser contabilizada em abril de 2015. O número é ainda mais alarmante considerando que dois meses do ano ainda não tiveram seus dados computados, indicando que o recorde pode ser ainda superado até o final de dezembro.
Os dados, divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo através do Portal da Transparência, revelam uma tendência preocupante. Em 2024, o mesmo período registrou 51 casos, e em 2019, foram 44 ocorrências. Todos os outros anos da série ficaram abaixo de 41 casos. Apenas nos primeiros cinco meses de 2025, entre janeiro e maio, a capital paulista já havia registrado 29 feminicídios, o maior número para um primeiro semestre desde que o Brasil começou a tipificar este crime.
Importante ressaltar que estes números consideram apenas os feminicídios consumados, ou seja, não incluem tentativas de feminicídio. Um caso que gerou comoção pública ilustra essa diferença: em novembro, uma mulher foi atropelada e arrastada por mais de um quilômetro por um homem, perdendo suas pernas na ação, mas este episódio não entra nas estatísticas oficiais de feminicídio por não ter resultado em morte.
Em todo o estado de São Paulo, o cenário é ainda mais grave. Entre janeiro e outubro de 2025 foram registrados 207 feminicídios, comparado com 191 no mesmo período de 2024, representando um aumento de 8%. Na capital, concentram-se 53 destes casos, enquanto 101 ocorreram no interior do estado e 40 na região da Demacro.
A lei que tipifica o feminicídio foi sancionada em 2015, classificando como feminicídio os assassinatos que envolvem violência doméstica e familiar, bem como menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. O crime é considerado homicídio qualificado, com penas variando entre 12 e 30 anos de prisão.
Frente a este cenário, o governo estadual apresenta iniciativas para combater a violência contra a mulher. A Cabine Lilás, criada no âmbito do Centro de Operações da Polícia Militar, oferece atendimento humanizado por policiais femininas treinadas para acolher e orientar vítimas de violência doméstica. O serviço fornece informações sobre medidas protetivas, canais de denúncia e apoio, além de despachar viaturas quando necessário. Desde sua implantação na capital, foi expandido para a Grande São Paulo e interior, com unidades em Campinas, São José dos Campos, Bauru, São José do Rio Preto, Sorocaba, Presidente Prudente e Piracicaba, totalizando cerca de 14 mil atendimentos em todo o estado.
O governo estadual também expandiu significativamente o atendimento especializado através das Delegacias de Defesa da Mulher. Existem 142 DDMs territoriais no estado, além de salas DDM 24h que foram ampliadas em 174,1%, com 170 espaços em plantões policiais. Este modelo permite que vítimas sejam atendidas por videoconferência por uma delegada mulher, ampliando o acesso mesmo fora do horário comercial.
Adicionalmente, a Prefeitura de São Paulo destacou diversas iniciativas para o atendimento de mulheres em situação de violência, incluindo as Casas da Mulher e o programa Guardiã Maria da Penha da Guarda Civil Metropolitana, que já atendeu a mais de 20 mil mulheres. O governo estadual também mencionou o aplicativo Mulher Segura, que possui botão de pânico para pedidos de ajuda.
Apesar das políticas existentes, o recorde de 2025 permanece como um indicador preocupante da persistência da violência contra mulheres na capital paulista, reforçando a necessidade de ações contínuas e efetivas para proteger e acolher as vítimas dessa violência sistemática.

