Nesta segunda-feira (8), a TV Brasil exibiu às 23h um novo episódio do programa *Caminhos da Reportagem* intitulado “Menopausa sem Segredo”, que abordou a rotina das mulheres em uma fase da vida ainda pouco discutida, cercada de tabus e sintomas frequentemente desconhecidos. A reportagem destacou que, ao longo do último século, a longevidade feminina no Brasil aumentou 2,5 vezes — de 33,7 anos em 1900 para 79,9 anos atualmente —, o que faz com que a maioria das mulheres viva cerca de um terço da vida na menopausa. Estima-se que mais de 30 milhões de brasileiras estejam no climatério, que compreende a pré-menopausa e a menopausa.
O programa trouxe relatos de mulheres que enfrentaram com impacto os sintomas da transição hormonal. A jornalista Maria Cândida descreveu os sintomas como uma verdadeira tempestade, relatando exaustão, irritabilidade, insônia e perda de libido. A presidente do Instituto Menopausa Feliz, Adriana Ferreira, contou que chegou a ser classificada como “mulher poliqueixosa” por profissionais de saúde antes de conhecer o termo climatério. Ambas melhoraram significativamente com a Terapia de Reposição Hormonal, tratamento recomendado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, que deve ser avaliado caso a caso.
A ginecologista Beatriz Tupinambá explicou que o momento ideal para iniciar a terapia hormonal é antes da menopausa, no climatério, pois os sintomas são indicativos de alterações mais graves, como perda óssea acelerada, risco maior de doenças cardiovasculares e hipertensão. Ela alerta que, após a menopausa, o risco de infarto entre as mulheres torna-se o dobro do observado nos homens.
O episódio também destacou a menopausa precoce, que atinge cerca de 1% das mulheres. Exemplos foram dados pelos casos da atriz Julieta Zarza, diagnosticada aos 37 anos, e da confeiteira Nayele Cardoso, que passou pela menopausa precoce aos 27 anos. Fatores como genética, cirurgias, quimioterapia e doenças autoimunes podem antecipar essa transição, segundo a médica clínica geral Andrea Alvarenga.
Além dos impactos pessoais, a menopausa pode afetar a vida profissional, conforme pesquisa da consultoria Korn Ferry que entrevistou mais de 8 mil mulheres em três países. Os sintomas mais citados que prejudicam o trabalho são estresse, dificuldade de concentração e perda de paciência.
Desde 2004, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher orienta os cuidados com essa fase no Sistema Único de Saúde (SUS), embora o manual esteja em processo de atualização. Especialistas da Fiocruz apontam que ainda faltam ações específicas para mulheres em transição para a menopausa. O Ministério da Saúde informa que existe suporte na atenção primária, oferecendo consultas, exames, medicamentos e práticas integrativas, com encaminhamento a especialistas em casos mais complexos.
O Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo é a principal referência pública para atendimento a mulheres no climatério, com até 120 consultas semanais no Ambulatório de Climatério, onde são realizados exames e prescrita a terapia hormonal dentro das diretrizes médicas. Dessa forma, o programa reforça a importância de discutir abertamente a menopausa para desmistificar a fase, ampliar o acesso a tratamentos eficazes e melhorar a qualidade de vida das mulheres.

