A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou o registro da Butantan-DV, a primeira vacina de dose única contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, autorizando sua produção e comercialização no Brasil. O imunizante é tetravalente, protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue, e será ofertado de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com início previsto da aplicação das doses em 2026. A faixa etária inicialmente indicada para o uso da vacina é de 12 a 59 anos, podendo ser ampliada futuramente conforme novos estudos.
A Butantan-DV representa um avanço significativo na luta contra a dengue no país, combinando tecnologia segura de vírus vivo atenuado, já utilizada em outras vacinas contra doenças como febre amarela e poliomielite. O imunizante apresentou eficácia global de 74,7% na prevenção da dengue sintomática e até 89% de proteção contra formas graves da doença, segundo dados de ensaios clínicos que envolveram mais de 16 mil pessoas, com acompanhamento de cinco anos. O Instituto Butantan já conta com 1 milhão de doses prontas, e a previsão é produzir mais de 30 milhões de doses até meados de 2026, com ajuda da parceria com a empresa chinesa WuXi Vaccines para ampliar a capacidade produtiva.
O desenvolvimento da vacina começou em 2009, em um cenário no qual o Brasil registrava altas incidências da doença. O trabalho envolveu mais de 200 cientistas e centenas de experimentos para garantir a formulação ideal que garantisse a mesma concentração de cada sorotipo do vírus, proveniente do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIH). Após anos de pesquisa e ensaios clínicos, a Butantan-DV foi aprovada pela Anvisa, que também firmou um termo de compromisso para que o Instituto mantenha o monitoramento e a realização de estudos complementares sobre a vacina durante seu uso pela população.
Com a expectativa de ser incorporada ao Programa Nacional de Imunizações em janeiro de 2026, a Butantan-DV deve contribuir significativamente para o controle da dengue no Brasil, tendo em vista sua praticidade de dose única e a capacidade de proteger por pelo menos cinco anos, o que a torna uma ferramenta promissora para reduzir os impactos desse grave problema de saúde pública.

