Home / Brasil e Mundo / Acesso à IA no Brasil é marcado pela desigualdade social dos usuários

Acesso à IA no Brasil é marcado pela desigualdade social dos usuários

Cinquenta milhões de brasileiros, equivalendo a 32% dos usuários de internet no país, já utilizam ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa, segundo dados da Pesquisa TIC Domicílios do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). No entanto, apesar da rápida adesão, o uso da IA continua concentrado principalmente entre as classes sociais mais altas e pessoas com ensino superior, revelando uma disparidade significativa. Na classe A, 69% dos indivíduos utilizam IA, contra apenas 16% nas classes D e E. De forma similar, 59% dos usuários com ensino superior fazem uso da tecnologia, enquanto essa proporção cai para 17% entre aqueles com apenas ensino fundamental.

Essa desigualdade reflete os desafios da inclusão digital no Brasil, onde o simples acesso à internet não é suficiente devido a limitações na conectividade e falta de habilidades digitais para o uso pleno das tecnologias. Essas barreiras acabam concentrando os benefícios da IA, como ganhos de produtividade e novas formas de aprendizado, nos grupos sociais que historicamente já dispõem de mais oportunidades. Além disso, a pesquisa indicou que a desigualdade também se manifesta no acesso à internet móvel, pois 39% dos brasileiros com celular relataram que seus pacotes de dados acabaram ao menos uma vez nos últimos três meses, principalmente entre usuários de planos pré-pagos, mais comuns nas classes D e E.

O levantamento mostrou avanços no acesso à internet fixa, com 86% dos domicílios brasileiros conectados e crescimento na banda larga fixa. Em relação a outras tecnologias digitais, 75% das pessoas com internet adotam o PIX, o sistema de pagamentos instantâneos, embora o uso também seja desigual socioeconomicamente: presente em 98% na classe A e em apenas 60% entre as classes D e E. Serviços de governo digital foram utilizados por 71% dos internautas com 16 anos ou mais, com 56% acessando a plataforma Gov.br para realizar serviços próprios ou para terceiros.

O uso da internet para apostas online também cresceu, atingindo 19% dos usuários, com predomínio entre homens, especialmente em apostas esportivas.

No cenário geral, apesar do Brasil liderar em alguns índices globais de adoção da IA generativa, o acesso pleno e igualitário enfrenta barreiras tecnológicas, econômicas e educacionais, o que pode ampliar desigualdades sociais existentes e limitar os benefícios da revolução digital para parcela significativa da população. A expansão dessas tecnologias requer investimentos em infraestrutura, qualificação digital e políticas públicas que promovam inclusão para que o avanço da inteligência artificial beneficie toda a sociedade brasileira.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)