### Opas alerta países das Américas para temporada de influenza mais intensa em 2026
A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) emitiu um alerta nesta quinta-feira (11) para que os países da região das Américas se preparem para uma possível temporada de influenza em 2026 que possa ser antecipada ou mais intensa, impulsionada pelo subclado K do vírus Influenza A (H3N2), que já causa surtos no Hemisfério Norte. O comunicado veio um dia após a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacar o aumento de casos durante o inverno no Norte, com circulação acelerada na Europa, Ásia e América do Norte, onde o subclado K representa uma proporção significativa dos vírus detectados.
A Opas reforça a necessidade de monitorar de perto a evolução do vírus, manter alta cobertura vacinal, tratar casos de forma oportuna e preparar os sistemas de saúde para uma atividade precoce ou mais severa. Historicamente, temporadas dominadas pelo A(H3N2) afetam mais adultos idosos, e dados preliminares indicam que a vacina atual oferece proteção similar às anteriores contra formas graves, embora a evidência ainda seja limitada. No Hemisfério Sul, a temporada de 2025 registrou aumento de 29% em casos graves de infecções respiratórias, com gripe atingindo idosos e vírus sincicial respiratório (VSR) afetando bebês.
O subclado K, derivado geneticamente de variantes anteriores como o J.2.4, acumula mudanças na hemaglutinina em um processo natural de evolução viral, sem evidências até o momento de maior gravidade clínica, como hospitalizações ou mortes elevadas. Ainda assim, ele antecipou a temporada no Norte em até seis semanas, sobrecarregando hospitais em países como Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Estados Unidos, Canadá e Japão, com salas de emergência lotadas, cirurgias eletivas adiadas e até fechamentos pontuais de escolas. Na Europa, a atividade gripal começou mais cedo que o habitual, e o subclado K já representava quase metade das sequências analisadas entre maio e novembro.
Para as Américas, a Opas recomenda reforçar a vigilância epidemiológica, virológica e genômica da influenza, VSR e SARS-CoV-2, adotar medidas de prevenção como etiqueta respiratória e higiene das mãos, garantir diagnóstico precoce e manejo clínico adequado, especialmente em grupos de alto risco. A vacinação segue como prioridade para idosos, gestantes, crianças pequenas, imunocomprometidos, portadores de doenças crônicas e profissionais de saúde, pois reduz hospitalizações e óbitos – no Brasil, esses grupos representam três quartos das mortes por influenza. É essencial assegurar estoque de antivirais, equipamentos de proteção e comunicação clara de riscos à população.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, alerta que vírus com baixa circulação prévia no país, como esse subclado, podem gerar temporadas mais agressivas devido à menor imunidade populacional, mas a vacinação em vulneráveis faz a diferença. Países do Norte, em plena temporada, servem de indicativo para o Sul em 2026, embora o desfecho final revele o impacto real. A Opas insta os Estados-Membros a ajustar planos de saúde para evitar sobrecargas, enviando amostras para sequenciamento e investigando surtos incomuns conforme o Regulamento Sanitário Internacional.

