O desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), foi preso pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira em desdobramento da Operação Unha e Carne 2, que apura o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun; ele é relator do processo que levou à prisão do ex-deputado estadual Thiego Raimundo de Oliveira Santos (conhecido como TH Joias) e está detido na superintendência da PF no Rio de Janeiro[2][1]. A ofensiva, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635/RJ (a chamada ADPF das Favelas), cumpre, além da prisão preventiva do magistrado, dez mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, jurisdição do TRF2, e visa apurar conexões entre facções criminosas e agentes públicos[2].
A investigação começou com a Operação Zargun, deflagrada em setembro, que prendeu TH Joias e outras 17 pessoas por suposto envolvimento com o Comando Vermelho e intermediação na compra e venda de armas; fontes da apuração apontam que o vazamento de informações teria prejudicado diligências da PF[2][5]. Na primeira fase da Unha e Carne, no início de dezembro, foi preso o então presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, sob suspeita de ter repassado informações da Zargun a investigados; Bacellar chegou a ficar cinco dias preso antes de ser liberado por decisão da Alerj e, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, passou a cumprir medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica e proibições de comunicação com outros investigados[2][1].
A defesa do desembargador afirmou, por meio do advogado Fernando Augusto Fernandes, que o ministro Alexandre de Moraes “foi induzido a erro” ao decretar a prisão e que a decisão que determinou a medida não foi disponibilizada à defesa, o que teria impedido o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa; os advogados informaram ainda que nada foi encontrado nas buscas e anteciparam que, após ter acesso aos autos, pedirão a soltura do magistrado[1][2].
A prisão de Macário reacende a atenção para sua trajetória: além de ser o relator do caso TH Joias no TRF2, o magistrado já enfrentou, no passado, processos e afastamento do exercício da magistratura por longos períodos, fatos que vêm sendo relembrados pela cobertura sobre o caso[1][5][3]. Relatórios oficiais de remuneração também mostram que, em novembro, o desembargador recebeu remuneração superior a R$ 125 mil, conforme dados do Portal da Transparência da Justiça Federal citados na imprensa[3].
A Operação Unha e Carne 2 permanece em curso com diligências da Polícia Federal e medidas determinadas pelo STF, e a defesa anunciou que apresentará esclarecimentos nos autos e solicitará a imediata revogação da prisão preventiva tão logo tenha acesso aos documentos da decisão[2][1][5].

