### STF Avança em Julgamento de Réus da Trama Golpista com Votos pela Condenação
O Supremo Tribunal Federal (STF) deu mais um passo decisivo no julgamento dos réus do Núcleo 2 da suposta trama golpista ligada ao governo de Jair Bolsonaro, com dois ministros votando pela condenação de cinco acusados e pela absolvição de um delegado da Polícia Federal. Nesta terça-feira, o ministro Cristiano Zanin proferiu seu voto na Primeira Turma da Corte, alinhando-se ao relator Alexandre de Moraes e formando um placar inicial de 2 a 0 pela condenação de Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais de Bolsonaro; Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente; Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF); Mário Fernandes, general da reserva do Exército; e Marília de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça. Zanin se manifestou pela absolvição de Fernando de Sousa Oliveira, delegado de carreira da PF e ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça.
O julgamento, que analisa as condutas dos seis réus acusados de integrar uma organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, prossegue com os votos pendentes dos ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia. Caso se forme maioria de três votos pela condenação, o colegiado avançará para a fase de dosimetria, onde serão calculadas as penas individuais.
Moraes, em seu voto pela manhã, rejeitou preliminares das defesas, como alegações de incompetência do STF e prejuízos processuais, e detalhou as provas contra cada réu. Ele destacou que a organização planejava, desde 2020, manter Bolsonaro no poder após a derrota eleitoral, coordenando monitoramento de autoridades, interlocução com líderes dos atos de 8 de janeiro de 2023 e a elaboração de uma minuta de decreto golpista para medidas de exceção. Central no caso é o plano “Punhal Verde e Amarelo”, documento encontrado pela PF que previa assassinatos do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do próprio Moraes, além de tomada violenta do poder.
Entre as condutas atribuídas, Moraes apontou o general Mário Fernandes como autor da minuta do plano homicida, impressa no Palácio do Planalto. Marcelo Câmara, como assessor próximo de Bolsonaro, monitorou os passos do ministro para viabilizar o atentado. Silvinei Vasques instrumentalizou a PRF para blitzes que barraram eleitores de Lula no segundo turno de 2022, especialmente no Nordeste, em desvio de finalidade que Moraes chamou de “vexatório” para a instituição. Filipe Martins e Marília de Alencar foram responsabilizados por gerenciar ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas, em prol da permanência ilegal de Bolsonaro.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) descreve o Núcleo 2 como o responsável por executar as principais iniciativas da organização, incluindo o uso de forças policiais e a articulação com invasores das sedes dos Três Poderes. As defesas negam irregularidades, alegando atuações em prol do interesse público e combate ao crime organizado, mas os votos de Moraes e Zanin refutaram esses argumentos, enfatizando o caráter ilícito das ações para sustentar um grupo político transformado em organização criminosa.
A sessão continua em andamento, com expectativa de definição do placar final nos próximos votos, marcando mais um capítulo no desmonte da rede investigada por tentar subverter o resultado das urnas de 2022.

