Os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro passaram a ser Patrimônio Cultural do Estado a partir desta sexta-feira, por meio de decreto assinado pelo governador Cláudio Castro e publicado no Diário Oficial. A medida oficializa o espetáculo da Marquês de Sapucaí como símbolo máximo da identidade cultural fluminense, reforçando o Carnaval como uma política essencial de valorização cultural e motor de desenvolvimento econômico, que projeta o nome da cidade para o mundo inteiro.
O reconhecimento estadual destaca o valor simbólico, artístico e social dos desfiles, realizados na Passarela do Samba, que reúnem anualmente escolas de samba, artistas, comunidades e milhões de espectadores. A legislação autoriza o Poder Executivo a apoiar ações de preservação da memória, divulgação e iniciativas culturais e educativas, fortalecendo o evento como expressão popular e manifestação artística única. Considerado o principal palco do Carnaval carioca, o Sambódromo concentra os desfiles do Grupo Especial e outras divisões, movimentando a economia criativa, impulsionando o turismo e gerando milhares de empregos temporários. Ao longo das décadas, o local se consolidou como ícone da cultura local, com enredos que abordam a história do Brasil, temas sociais, religiosos, políticos e tradições populares.
Paralelamente, em agosto deste ano, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) recebeu pedido formal para registrar os desfiles como Patrimônio Cultural do Brasil. O documento foi entregue pela diretora cultural da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Evelyn Bastos, ao presidente do Iphan, Leandro Grass, e ao diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial, Deyvesson Gusmão. O Iphan confirmou o recebimento e explicou que o processo federal segue etapas independentes das iniciativas estaduais, incluindo análise técnica da documentação, avaliação pela Câmara Setorial e apreciação final pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, com pesquisas etnográficas envolvidas.
O instituto destacou que o pedido reforça a importância histórica e cultural do carnaval carioca, já reconhecida em outros marcos. O Sambódromo da Avenida Marquês de Sapucaí, projetado por Oscar Niemeyer, está tombado em nível federal desde 2021. Além disso, as Matrizes do Samba no Rio de Janeiro – partido alto, samba de terreiro e samba-enredo – são Patrimônio Cultural do Brasil desde 2007. A Liesa ainda não se manifestou sobre o tema. Com a lei entrando em vigor imediatamente, os desfiles da Sapucaí agora integram o patrimônio imaterial histórico, cultural, artístico e humanístico do estado, ao lado de outras manifestações protegidas.

