O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, manifestou nesta sexta-feira a expectativa do Brasil pela assinatura o mais rápida possível do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, apesar do adiamento anunciado para janeiro devido a resistências de países como França e Itália.
Alckmin destacou a relevância do tratado para o Mercosul, que ganha força com a entrada iminente da Bolívia como quinto membro, e para a União Europeia, formando um mercado de 720 milhões de pessoas e US$ 22 trilhões. Ele enfatizou que o pacto representa um avanço no multilateralismo e no livre mercado, criando uma das maiores zonas de livre comércio do mundo, com redução gradual de tarifas para bens industriais, agrícolas, investimentos e padrões regulatórios. Apesar das pressões de setores agrícolas europeus, o ministro manteve o otimismo quanto à conclusão breve do processo, negociado há 25 anos.
Em balanço das atividades do ministério em 2025, Alckmin revelou avanços em outras frentes comerciais. O Brasil negocia com o México a ampliação de linhas tarifárias de preferência até julho, e com a Índia, avanços semelhantes. Para Canadá e Emirados Árabes Unidos, o foco é em acordos amplos de livre comércio. Sobre a recente elevação de tarifas mexicanas, ele minimizou impactos, garantindo que setores como o automotivo, protegidos por acordos existentes, não serão afetados, reduzindo o prejuízo estimado para US$ 600 milhões, abaixo da projeção inicial de mais de US$ 1 bilhão.
Mesmo com o tarifaço protecionista dos Estados Unidos e medidas globais semelhantes, Alckmin previu recorde nas exportações brasileiras ao fim do ano, graças a tarifas baixas ou nulas na maior parte das vendas ao mercado americano. Ele reforçou a importância de abrir mercados para sustentar esse desempenho.
Na agenda interna, o ministro anunciou a Janela Única de Investimento para o início de 2026, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, centralizando processos e cortando custos para atrair investidores estrangeiros. Já a plataforma Camex 360, em operação, integra dados sobre tarifas, antidumping e comércio exterior.
No setor automotivo, Alckmin detalhou o novo programa de crédito para renovação da frota de caminhões, regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional nesta sexta-feira. Com R$ 6 bilhões da Medida Provisória 1.328 e aporte adicional de R$ 4 bilhões do BNDES, a linha totaliza R$ 10 bilhões em financiamentos com juros diferenciados para motoristas autônomos e frotistas, condicionados ao descarte de veículos antigos, visando segurança viária, saúde pública e impulso à indústria.
Para veículos de passeio, ele apontou o crescimento de vendas de modelos sustentáveis de entrada, impulsionado por incentivos tributários neutros fiscalmente. Alckmin concluiu defendendo que é possível progredir com livre mercado, multilateralismo e sustentabilidade.

