Com 80% dos seus 54 milhões de habitantes em idade ativa, o Nordeste tem potencial para se tornar um motor de crescimento do Brasil, desde que consiga transformar os avanços recentes em capital humano e recursos naturais em empregos de melhor qualidade e crescimento sustentável[2][1].
O relatório do Banco Mundial “Rotas para o Nordeste: Produtividade, Empregos e Inclusão” aponta que a região registrou ganhos importantes em escolaridade — a parcela de trabalhadores com diploma universitário subiu de 9,1% em 2012 para 17% em 2023 —, mas ainda enfrenta dificuldades para converter essa qualificação em renda e empregos formais[2][1]. Entre 2012 e 2022, a taxa média de desemprego na região ficou em 12% e a informalidade, em 52%, percentuais superiores aos observados em outras partes do país, o que limita o impacto desses ganhos educacionais sobre a redução da pobreza[2][1].
Ao mesmo tempo, o Nordeste ocupa posição central na transição energética brasileira: produz 91% da energia eólica e 42% da energia solar do país, o que, segundo o Banco Mundial, cria oportunidades para um crescimento industrial mais rápido e para a atração de investimentos em setores emergentes, como o hidrogênio verde[2][1]. A abundância de recursos naturais e o aumento do capital humano podem, se bem aproveitados, transformar a região num polo dinâmico de desenvolvimento, rompendo com seu histórico de atraso[2].
Para viabilizar essa transformação, o relatório recomenda foco em indústrias de maior dinamismo — como manufatura e serviços — e no aprimoramento dos sistemas de intermediação de mão de obra para ligar trabalhadores a vagas de melhor qualidade[2][1]. Propõe também políticas específicas para ampliar a inclusão no mercado de trabalho, especialmente entre mulheres e grupos marginalizados: a participação feminina na força de trabalho no Nordeste é de aproximadamente 41%, contra 52% no restante do país[2].
Além das reformas no mercado de trabalho, o Banco Mundial destaca a necessidade de medidas para dinamizar o ambiente de negócios: simplificação de procedimentos para abrir empresas, estímulo à concorrência, redução da dependência de subsídios fiscais que podem concentrar mercados e diminuição de entraves regulatórios que limitam investimentos e inovação[1][2].
A modernização da infraestrutura é outro pilar apontado como essencial: o relatório recomenda acelerar investimentos em rodovias, ferrovias, redes digitais e em saneamento básico, com planejamento cuidadoso e fiscalização para garantir impactos sociais e econômicos positivos[2][1]. Para financiar e executar projetos de grande escala, o documento defende parcerias público-privadas bem desenhadas que atraiam capital privado sem sacrificar controle e resultados sociais[2].
Se forem implementadas as medidas sugeridas — combinar investimentos em infraestrutura, políticas para inclusão e melhorias no ambiente de negócios —, o Nordeste pode não só reduzir as desigualdades internas do Brasil como também impulsionar uma agenda de crescimento mais verde e produtiva para o país, aproveitando sua população jovem e sua liderança em energia renovável[2][1].

