O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou nesta sexta-feira (19) o contrato de aquisição das primeiras doses da vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan, com investimento de cerca de R$ 368 milhões para a compra inicial de 3,9 milhões de doses destinadas ao SUS[5]. A Butantan-DV, aprovada pela Anvisa para uso em pessoas de 12 a 59 anos, é a primeira vacina contra a dengue em dose única no mundo e apresenta eficácia global de 74,7% contra dengue sintomática na faixa etária autorizada[2][5]. Segundo o Instituto Butantan, a vacina mostrou ainda 91,6% de eficácia contra formas graves e com sinais de alarme e 100% de proteção contra internações por dengue em testes analisados[2][4].
As primeiras entregas começam nos próximos dias: 300 mil doses serão disponibilizadas imediatamente e, até o fim de janeiro de 2026, outras 1 milhão de doses serão entregues, totalizando 1,3 milhão de doses nas primeiras remessas; o instituto prevê ampliar a oferta com parceiros para alcançar até 30 milhões de doses até o segundo semestre de 2026[2][4][5]. O Ministério da Saúde informou que as primeiras doses serão usadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) para vacinar voluntários que participaram dos estudos e para campanhas locais em municípios escolhidos, além de priorizar, inicialmente, profissionais da Atenção Primária que atuam nas Unidades Básicas de Saúde e em visitas domiciliares[2][5].
O ministério planeja estender a vacinação à população geral à medida que o Butantan entregue mais doses, começando pelos adultos de até 59 anos e avançando gradualmente até os mais jovens a partir de 15 anos, conforme a estratégia anunciada[2]. Adolescentes entre 10 e 14 anos já vêm sendo vacinados com outro imunizante — desenvolvido pela Takeda e aplicado em duas doses — com mais de 7,4 milhões de doses já administradas desde 2024; o Ministério da Saúde garantiu a compra de mais 9 milhões de doses desse imunizante para 2026[5].
O Butantan-DV foi desenvolvido como vacina de vírus vivo atenuado em parceria com a chinesa WuXi Vaccines para ampliar a produção; o instituto afirmou que a produção antecipada, iniciada mesmo antes do registro na Anvisa, possibilitou as entregas iniciais[2][5]. Estudos com pessoas acima de 60 anos ainda não foram realizados; por isso, idosos nessa faixa etária não poderão receber a vacina do Butantan até que sejam concluídos estudos específicos, com início previsto para janeiro segundo o instituto[2].
No evento, Padilha enfatizou a segurança do imunizante e encorajou a população a se vacinar, afirmando que a vacina passou por avaliações antes do registro e citando que mais de 70% dos vacinados não apresentaram sinais de dengue, mais de 90% não desenvolveram dengue grave e não houve hospitalizações entre vacinados nos estudos[2]. O diretor do Butantan, Esper Kallás, confirmou o envio das doses ao PNI já nos próximos dias e afirmou a expectativa de aumentar fortemente a capacidade produtiva a partir da parceria com a WuXi[2][4].
Autoridades lembraram que, embora a vacinação seja uma arma poderosa no controle da dengue, ela não substitui as medidas de prevenção tradicionais, como o combate a criadouros do Aedes aegypti — eliminar água parada e objetos que acumulem água continua sendo essencial para reduzir a transmissão[5]. O país registrou nos últimos anos números elevados de casos: no ano anterior houve 6,5 milhões de casos prováveis de dengue, segundo o Ministério da Saúde, e desde os anos 2000 mais de 20 milhões de brasileiros já foram acometidos pela doença[2][5].

