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Morre Lindomar Castilho, Rei do Bolero condenado por feminicídio

Morreu neste sábado o cantor Lindomar Castilho, conhecido como o “Rei do Bolero”, aos 85 anos, segundo publicou sua filha, a coreógrafa Lili de Grammont, nas redes sociais.[3][9] A família não divulgou a causa nem o local da morte.[3]

Lindomar Cabral, nascido em Rio Verde (Goiás) em 1940, alcançou grande popularidade nas décadas de 1960 e 1970 com boleros e sambas-canções, chegando a vender muitos discos e ter parte de sua obra lançada também no exterior; entre seus sucessos está a canção “Você é doida demais”, que mais tarde foi conhecida por ter sido tema de abertura da série televisiva Os Normais.[1][3][6][10] Gravou o primeiro LP, Canções que não se Esquecem, em 1962, e acumulou dezenas de álbuns ao longo da carreira.[1]

A trajetória artística de Castilho, porém, ficou marcada por um crime que chocou o país. Em 30 de março de 1981, no bar Café Belle Epoque, em São Paulo, ele invadiu o local e disparou contra a ex-mulher, a cantora Eliane de Grammont, que se apresentava no palco, atingindo-a fatalmente com cinco tiros; o músico que a acompanhava, Carlos Randall, também foi baleado e sobreviveu.[2][3][5] Preso em flagrante, Castilho foi levado a júri popular e condenado a 12 anos de prisão pelo assassinato.[3][5][10]

A violência tornou-se eixo central na memória pública sobre o caso e teve reflexos na luta contra a violência de gênero no Brasil; durante o julgamento havia manifestações de mulheres nas portas do tribunal e o episódio é frequentemente citado em relatos sobre feminicídio no país.[2][4] Após cumprir parte da pena, Castilho deixou a prisão na década de 1990 e viveu em relativo ostracismo, embora tenha gravado um álbum ao vivo nos anos 2000.[3][10]

Nas redes sociais, a filha de Eliane e de Lindomar, Lili de Grammont, que tinha apenas dois anos quando perdeu a mãe, publicou uma mensagem de despedida em que relembrou o crime e refletiu sobre as consequências dele para a família e para a própria vida do pai, afirmando que, ao tirar a vida da mãe, ele “também morreu em vida”.[3] Em outras entrevistas e reportagens ao longo das décadas, Lili transformou a dor da infância em trabalho em prol da memória da mãe e da prevenção à violência de gênero.[4][12]

O episódio permanece como um capítulo sombrio na história da música popular brasileira: a popularidade e o apelo sentimental de Castilho com o público convivem, inexoravelmente, com a memória do feminicídio de Eliane de Grammont, um crime que contribuiu para debates públicos sobre ciúme, masculinidade tóxica e impunidade.[6][10]

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)

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