O boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira apresenta um cenário econômico em evolução, com revisões para baixo nas projeções inflacionárias, mantendo estabilidade na taxa de juros e ligeiras ajustes nas estimativas de crescimento econômico.
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 diminuiu de 4,36% para 4,33%. Pela sexta semana consecutiva, analistas do mercado reduzem suas expectativas inflacionárias, alcançando agora o intervalo da meta para a variação de preços perseguida pelo Banco Central. A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, o que significa que o limite superior é 4,5%.
Esse resultado representa um alívio nas pressões inflacionárias que marcaram parte do ano. Com a inflação acumulada em 12 meses situando-se em 4,46%, está dentro da meta do CMN. Para os próximos anos, as perspectivas apontam continuidade da desaceleração inflacionária: em 2026, a projeção caiu para 4,06%, marcando o quinto recuo consecutivo, enquanto para 2027 e 2028 as estimativas permaneceram estáveis em 3,8% e 3,5%, respectivamente.
O Banco Central, por sua vez, espera que o IPCA some 4,4% em 2025 e 3,5% em 2026, conforme divulgado em seu comunicado da reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária. No horizonte relevante de análise, correspondente ao segundo trimestre de 2027, a instituição projeta inflação em 12 meses de 3,2%.
A taxa básica de juros permanece como principal instrumento para o controle inflacionário. O Comitê de Política Monetária manteve a Selic em 15% ao ano, nível onde se encontra desde a reunião de junho. Essa é a quarta manutenção consecutiva, refletindo a cautela da autoridade monetária em um cenário marcado por grande incerteza. A taxa está no patamar mais elevado desde julho de 2006, quando atingiu 15,25% ao ano. Após atingir 10,5% ao ano em maio de 2024, iniciou-se um ciclo de elevações a partir de setembro do mesmo ano.
As perspectivas do mercado apontam para uma trajetória gradual de redução dos juros. Analistas estimam que a Selic encerre 2026 em 12,25% ao ano, uma revisão para cima da projeção anterior que era de 12,13%. Para 2027, a expectativa permanece em 10,5% ao ano, e para 2028 em 9,75% ao ano. Quando a taxa é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, incentivando a produção e o consumo, embora isso possa impactar o controle inflacionário.
No que diz respeito ao desempenho econômico, a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto em 2025 foi ligeiramente ajustada para cima, passando de 2,25% para 2,26%, sinalizando um cenário de expansão moderada. Para 2026, a projeção permanece em 1,8%, enquanto para 2027 e 2028 estima-se crescimento de 1,81% e 2%, respectivamente. A economia brasileira demonstrou resiliência, com a economia crescendo 0,4% no segundo trimestre deste ano, puxada pela expansão dos serviços e da indústria, e fechou 2024 com alta de 3,4%, representando o quarto ano seguido de crescimento.
Quanto ao câmbio, a estimativa indica que o dólar deverá encerrar 2025 cotado a 5,43 reais. Para 2026, a projeção aponta para uma cotação de 5,50 reais por dólar, sugerindo uma depreciação gradual da moeda brasileira.
O cenário geral apresentado pelo Focus reflete uma economia brasileira navegando por ajustes graduais, com inflação em processo de desaceleração, juros elevados porém tendendo à redução futura, e crescimento econômico moderado mantendo-se dentro das expectativas de mercado.

