A Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer dedicada à mobilidade aérea urbana, realizou com sucesso o primeiro voo de seu protótipo em escala real de aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical, o eVTOL, na unidade de testes de Gavião Peixoto, no interior de São Paulo. O teste, não tripulado, aconteceu na última sexta-feira, 19 de dezembro, e consistiu em um hover flight, no qual a aeronave permaneceu imóvel no ar sobre um ponto fixo no solo, mantendo altitude e posição constantes com precisão para equilibrar sustentação e peso.
Durante o voo inaugural, foram validados com êxito elementos críticos da aeronave, como a integração de sistemas essenciais, o conceito de fly-by-wire de quinta geração – um sistema de controle de voo por computador – e os rotores dedicados exclusivamente ao voo vertical. O protótipo se comportou exatamente como previsto pelos modelos da empresa, capturando dados que guiarão os próximos passos na campanha de testes. “Com estes dados, ampliaremos o envelope da aeronave e avançaremos para o voo de transição sustentado pelas asas de maneira disciplinada, aumentando para centenas de voos ao longo de 2026 e construindo o conhecimento necessário para a certificação de tipo”, destacou Luiz Valentini, Chief Technology Officer da Eve.
A empresa planeja expandir gradualmente os ensaios, alcançando voos totalmente sustentados pelas asas, conhecidos como wingborne flight, ainda em 2026, com voos tripulados previstos para o mesmo ano e o início das operações comerciais em 2027. Seis protótipos serão utilizados nessa fase, em parceria com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), visando transformar o demonstrador em veículo de transporte urbano regular. O modelo tem capacidade para cinco ocupantes – um piloto e quatro passageiros –, autonomia de até 100 quilômetros e já conta com cerca de 3 mil encomendas globais, incluindo pedidos firmes avaliados em bilhões de dólares.
Jorge Bittercourt, Chief Product Officer da Eve, enfatizou a confiabilidade, eficiência e simplicidade demonstradas no teste. “Validamos elementos críticos, desde nossa arquitetura de rotores sustentadores até a mecânica de voo da aeronave, e agora seguimos para a fase de testes em voo com foco em evoluir a maturidade do produto”, afirmou. Johann Bordais, CEO da empresa, descreveu o voo como um marco histórico para colaboradores, clientes e investidores, reforçando o compromisso com a certificação e as entregas a partir de 2027.
O projeto recebe apoio financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência de fomento à inovação do governo federal, por meio da chamada Mais Inovação Brasil – Aviação Sustentável, com cerca de R$ 37 milhões já liberados em subvenção econômica. “Este voo inaugural materializa a estratégia brasileira de liderar a transição global para a aviação sustentável, com tecnologias de fronteira como propulsão elétrica e inteligência artificial”, declarou Luiz Antônio Elias, presidente da Finep. A iniciativa posiciona o Brasil na vanguarda da mobilidade aérea urbana, com produção prevista em Taubaté (SP) e potencial para reduzir drasticamente tempos de viagem em rotas urbanas, como de 150 minutos de carro para 15 minutos de eVTOL entre zonas de São Paulo e o Aeroporto de Guarulhos.

