O consumo de bebidas alcoólicas tende a crescer nas confraternizações e celebrações de fim de ano, amplificando riscos à saúde física e mental e provocando prejuízos nas relações familiares e sociais, segundo a psiquiatra Alessandra Diehl, do conselho consultivo da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abad).[1]
Diehl afirma que *não existe consumo seguro de álcool*, lembrando que documentos recentes ratificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam que qualquer quantidade ingerida pode causar danos à saúde.[1] Entre os problemas mais frequentes nesse período ela aponta quedas, intoxicações e redução da supervisão de crianças em ambientes com adultos alcoolizados, o que leva a atendimentos pediátricos por ingestão acidental de bebida.[1]
A médica ressalta ainda o aumento de episódios de agressividade e o perigo da combinação do álcool com medicamentos, que pode potencializar efeitos adversos e colocar as pessoas em situações de risco, como dirigir sob efeito de álcool.[1] Para quem já enfrenta problemas com bebida, o fim de ano é especialmente delicado: a oferta ampliada de álcool e a glamourização cultural da bebida aumentam a vulnerabilidade e o risco de recaídas entre pessoas em recuperação.[1]
No plano da saúde mental, Diehl observa que muitas pessoas recorrem ao álcool para aliviar tristeza, ansiedade e frustrações típicas do período, utilizando-o como uma espécie de anestesia que tende a agravar sintomas de depressão e ansiedade já existentes.[1]
A psiquiatra também chama atenção para a preocupação com adolescentes: dados do 3º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad III), divulgado em 2025, indicam aumento do consumo entre jovens, enquanto a proporção de adultos que bebem regularmente diminuiu entre 2012 e 2023.[1] O consumo pesado de álcool (60 g ou mais numa mesma ocasião) cresceu entre menores de idade, passando de 28,8% em 2012 para 34,4% em 2023, segundo o levantamento.[1] Diehl lembra que adolescentes não devem consumir álcool por lei e porque seus cérebros ainda estão em desenvolvimento, sendo portanto mais suscetíveis a danos.[1]
A especialista critica posturas familiares permissivas que incentivam ou toleram o consumo de jovens em casa, afirmando que a prevenção exige presença familiar ativa e mensagens claras de que o álcool não deve ser o foco das celebrações.[1] Ela sugere que famílias estabeleçam regras firmes, dizendo explicitamente que “a bebida não é o principal” e que adolescentes não irão beber nas festas.[1]
Em um contexto mais amplo, pesquisadores e órgãos de saúde pública têm apontado que o padrão de consumo pode variar por faixa etária, gênero e condições socioeconômicas, com impactos que alcançam desde acidentes de trânsito e violência até agravos crônicos como doenças do fígado, prejuízos ao sistema nervoso e intensificação de transtornos psiquiátricos.[2][3][4]
Medidas preventivas recomendadas por especialistas incluem reduzir a centralidade do álcool nas confraternizações, reforçar a supervisão de crianças, evitar oferecer bebidas a menores, promover alternativas sem álcool nas festas e alertar sobre os riscos de misturar álcool com medicamentos e dirigir após beber.[1][2][4]
Fontes citadas: reportagem com entrevistas à psiquiatra Alessandra Diehl e referências ao posicionamento da OMS e ao Lenad III; estudos e matérias sobre padrões de consumo e prevenção de álcool em festas de fim de ano.[1][2][3][4]

