O advogado e influenciador baiano João Neto, conhecido por seus mais de 2 milhões de seguidores nas redes sociais, passou mal na noite de quinta-feira (17) durante sua transferência do presídio militar para o sistema prisional comum em Maceió, Alagoas. Detido preventivamente sob acusação de violência doméstica, João Neto precisou ser levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, posteriormente, ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde foi avaliado por um cardiologista e recebeu alta médica no dia seguinte.
Prisão e transferência
João Neto foi preso em flagrante na segunda-feira (14) após sua então companheira, de 25 anos, registrar um boletim de ocorrência relatando agressões sofridas no apartamento onde moravam. Segundo o depoimento da vítima, ela foi retirada à força de casa, empurrada e caiu no chão, sofrendo um corte profundo no queixo que exigiu três pontos no hospital. A prisão em flagrante foi convertida em preventiva, e ele permaneceu sob custódia desde então.

Inicialmente, João Neto estava detido no presídio militar, pois apresentou documentação militar ao ser preso. No entanto, a Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social de Alagoas (Seris) determinou sua transferência para o sistema prisional comum após constatar que o registro militar apresentado não era válido. Embora se identifique como ex-policial militar nas redes sociais, a Polícia Militar da Bahia informou que ele foi desligado do curso de formação de soldados há 15 anos, sem nunca ter atuado como policial formado.
Estado de saúde e defesa
Durante a transferência para o presídio Baldomero Cavalcante, João Neto alegou dores no peito e foi encaminhado para atendimento médico. Após exames e avaliação cardiológica, ele foi liberado e transferido para um módulo especial do presídio, destinado a detentos com curso superior, com capacidade para cerca de 30 pessoas.
A defesa do advogado informou que ele sofre de problemas cardíacos e está tomando todas as medidas legais cabíveis. O processo tramita em segredo de justiça. Os advogados também divulgaram imagens internas do apartamento para sustentar que a vítima teria sido apenas empurrada, e não agredida deliberadamente, como relatado no boletim de ocorrência.
O caso ganhou grande repercussão devido à notoriedade de João Neto nas redes sociais, onde ficou famoso por vídeos de humor e análises jurídicas, além do bordão “no coco e no relógio”. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) repudiou as agressões e encaminhou o caso ao Tribunal de Ética e Disciplina da instituição, classificando o episódio como “extremamente grave” e “infração ético-disciplinar”.
O histórico de João Neto inclui outros episódios polêmicos. Em setembro de 2024, ele agrediu um advogado durante uma audiência de conciliação em Maceió, fato que também motivou manifestações da OAB. Além disso, relatos e declarações públicas do próprio João Neto indicam envolvimento em situações violentas e opiniões controversas sobre violência de gênero.
Após receber alta médica, João Neto permanece custodiado no sistema prisional alagoano, onde cumpre prisão preventiva. A Justiça de Alagoas negou pedido de habeas corpus, destacando a necessidade de resguardar a integridade física e psicológica da vítima e a ordem pública, considerando inclusive antecedentes criminais do advogado e relatos de reincidência em agressões.
O caso segue sob investigação e o processo corre em segredo de justiça.