A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) decidiu, em sessão extraordinária, pela revogação da prisão preventiva do presidente afastado da Casa, Rodrigo Bacellar, do União Brasil. A votação foi concluída com 42 votos favoráveis, 21 contrários e duas abstenções entre os 65 deputados presentes. A decisão ocorre após Bacellar ter sido preso no dia 3 de dezembro durante a Operação Unha e Carne, deflagrada pela Polícia Federal para investigar o vazamento de informações sigilosas relacionadas à Operação Zargun, que resultou na captura do deputado estadual TH Joias, acusado de intermediar a compra e venda de armas para o Comando Vermelho.
Rodrigo Bacellar foi preso preventivamente por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto prestava depoimento na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Ele é suspeito de ter repassado informações antecipadas sobre a operação que mirava TH Joias, comprometendo as investigações da Polícia Federal. O ministro do STF também determinou o afastamento do parlamentar do mandato por indícios de participação em organização criminosa e tentativa de obstrução das investigações.
Com a decisão da Alerj, o projeto de resolução que revoga a prisão de Bacellar será publicado no Diário Oficial e encaminhado ao STF, onde o ministro Alexandre de Moraes poderá confirmar a soltura e estabelecer medidas cautelares contra o deputado, se assim julgar necessário. A Assembleia Legislativa tem a prerrogativa, definida pelo Supremo, de revogar prisões de deputados estaduais, embora a decisão final depende do relator do processo no STF.
A votação evidenciou apoio político significativo a Bacellar dentro da Alerj. Todos os deputados do União Brasil presentes votaram favoravelmente à revogação da prisão. Onze partidos da Casa deram apenas votos a favor, enquanto três partidos votaram integralmente contra a soltura. Entre os que se posicionaram a favor, estavam deputados de diferentes espectros partidários, como PSB, PT, PSOL e PL, mostrando um cenário político plural em torno da questão.
O episódio trouxe à tona tensões dentro da Assembleia e no âmbito político-fluminense, diante das acusações de vazamento de operações policiais envolvendo organizações criminosas. A continuidade do processo penal contra Bacellar segue em andamento, e sua soltura dependerá da análise final do Supremo Tribunal Federal, atentando-se às medidas de cautela que possam ser impostas para garantir a lisura das investigações.

