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Angra 3: obra parada gera custo anual de quase R$ 1 bilhão

A retomada das obras da Usina Nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, foi tema de audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) recentemente. As obras da usina, iniciadas na década de 1980 e atualmente com cerca de 60% concluídas, estão paradas há 10 anos, gerando um alto custo anual de cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

Os debates durante a audiência focaram nos impactos financeiros causados pela paralisação. O Tribunal de Contas da União (TCU) estima que, sem um encaminhamento para a conclusão do projeto, o custo total pode superar em até R$ 43 bilhões o valor originalmente previsto de R$ 23 bilhões.

Para o presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Jorge Felippe Neto (Avante), a retomada das obras é essencial para o desenvolvimento do estado. “Angra 3 é fundamental para o nosso sonho de autonomia energética, capaz de gerar 1.405 megawatts e abastecer mais de 4,5 milhões de residências”, destacou. No entanto, o governo federal tem adiado a conclusão do projeto, que já consumiu R$ 21 bilhões e ainda exige novos investimentos.

Além disso, a retomada das obras poderia gerar um impacto significativo na economia local. Atualmente, Angra 3 gera cerca de 400 empregos, mas, se a obra for retomada, esse número pode chegar a 3.500 funcionários, como avaliou o deputado Marcelo Dino (União). Isso representa um avanço econômico não apenas para Angra dos Reis, mas também para todo o estado do Rio de Janeiro e para o Brasil.

A representante da Associação de Trabalhadores da Nuclebrás Equipamentos Pesados, Flávia Azevedo, criticou o desperdício financeiro com a obra parada, afirmando que a usina já tem 60% das obras civis concluídas e equipamentos adquiridos. “Esse valor poderia ser gasto para gerar empregos, renda e desenvolvimento para a Costa Verde”, ponderou.

Gabriela Borsato, diretora da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), reforçou a necessidade da conclusão das obras para que a usina possa gerar recursos. Segundo ela, uma vez concluída, a usina terá o investimento amortecido em 20 anos, e depois desse período, a tarifa cairá em até 75%. Além disso, a energia nuclear oferece uma fonte firme e de base, disponível 24 horas por dia, diferentemente das renováveis, que têm um fator de capacidade menor.

Recentemente, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a retomada dos estudos para a continuidade das obras, com a expectativa de que os estudos sejam concluídos até a próxima reunião do CNPE, prevista para novembro de 2025. A decisão final sobre retomar ou não as obras ainda não foi oficialmente tomada, mas é esperado que seja feita até o final do ano. A retomada das obras poderia acontecer no segundo semestre de 2025, com a conclusão prevista para até 2030.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)