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Aos 95 anos, morre Haroldo Costa, intelectual e jornalista

**Haroldo Costa, ícone da cultura negra e do carnaval brasileiro, morre aos 95 anos no Rio de Janeiro**

Rio de Janeiro – O artista de múltiplas facetas Haroldo Costa, jornalista, ator, diretor, compositor, produtor e comentarista de carnaval, faleceu neste sábado (13), aos 95 anos, no Rio de Janeiro. A morte foi confirmada pela família no perfil oficial do artista nas redes sociais, encerrando uma trajetória que se confunde com a história da cultura afro-brasileira, do samba e da televisão nacional.

Nascido em 13 de maio de 1930, no bairro de Piedade, na Zona Norte do Rio, Haroldo Costa iniciou sua carreira no final dos anos 1940 no Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado por Abdias do Nascimento. Lá, atuou em peças como “O Filho Pródigo”, de Lúcio Cardoso, ao lado de nomes como Ruth de Souza, Grande Otelo e Milton Gonçalves. Em 1956, tornou-se o primeiro ator negro a protagonizar “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e também interpretou Jesus no “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Nos anos 1950, ajudou a fundar a companhia Brasiliana, de danças folclóricas, que por cinco anos levou a cultura popular brasileira a 25 países da Europa e América Latina.

Na televisão, suas primeiras experiências foram nos anos 1950, em teleteatros na TV Tupi, TV Rio, TV Excelsior e TV Continental. Em 1965, integrou a equipe fundadora da TV Globo, dirigindo e produzindo musicais como “Forrobodó” e “Operação Amor em Suez”, além dos programas “Dercy Espetacular” e “Dercy Comédia”, com Dercy Gonçalves, e o seriado “T.N.T.”, com Agildo Ribeiro e Betty Faria. Dirigiu atrações como “Oh, que Delícia de Show”, “Noite de Gala” e “Só o Amor Constrói”, precursor do “Fantástico”. Mais tarde, retornou à Globo como diretor e jurado nos programas do Chacrinha, recomendando a contratação de Elke Maravilha e Rita Cadillac. Participou ainda de novelas como “A Moreninha”, “Chiquinha Gonzaga” e “Suburbia”. Ex-funcionário da Rádio MEC e com passagens pela antiga TVE (atual TV Brasil), da EBC, produziu programas como “Balcão Nobre”, “Estampas Brasileiras” e “Mosaico Panamericano”.

Haroldo Costa brilhou como comentarista dos desfiles das escolas de samba cariocas, acompanhando as transformações do carnaval e valorizando a cultura afro-brasileira. Torcedor fanático do Salgueiro, da qual foi presidente de honra do júri do Estandarte de Ouro e jurado da Liesa, dirigiu programas como “Esquentando os Tamborins”, na TV Manchete. Autor de 15 livros, escreveu obras fundamentais como “Salgueiro: Academia do Samba” (1984), “Salgueiro: 50 Anos de Glória” (2003), “Fala, Crioulo – O Que é Ser Negro no Brasil” (1982) e “100 Anos de Carnaval no Rio de Janeiro”, dedicados à memória do samba, à identidade negra e à luta antirracista. Em 2023, curou a exposição “Heitor dos Prazeres é Meu Nome”, no CCBB.

A Salgueiro declarou luto pela perda de uma de suas maiores autoridades, e a Estação Primeira de Mangueira o chamou de “figura única no carnaval”. O velório está marcado para segunda-feira na quadra da Salgueiro, na Zona Norte. Haroldo Costa deixa um legado de militância cultural, afirmando o samba como patrimônio político e identitário do povo negro brasileiro, em uma vida dedicada a contar histórias que não podiam ser esquecidas.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)

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