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Após protesto, indígenas Munduruku são recebidos por presidente da COP

Lideranças do povo Munduruku realizaram na manhã desta sexta-feira (14), em Belém, um protesto pacífico que bloqueou a entrada principal da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Cerca de 90 indígenas participaram do ato, exibindo faixas com mensagens como “Nossa Floresta não Está à Venda” e “Não Negociamos a Mãe Natureza”, expressando suas preocupações com projetos de infraestrutura na Amazônia e com as atuais políticas ambientais. O protesto ocorreu sem incidentes, mas provocou um atraso na entrada dos participantes da conferência.

Após a manifestação, as lideranças Munduruku foram recebidas pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago, em um encontro que também contou com a presença das ministras Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas, e Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A reunião aconteceu em um prédio anexo ao Tribunal de Justiça do Pará, próximo à área oficial de negociações da COP30, conhecida como Zona Sul. Durante o diálogo, os indígenas entregaram documentos formais contendo suas reivindicações, que foram recebidos e considerados pelas autoridades.

Os Munduruku reivindicam, entre outras demandas, a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que institui o Plano Nacional de Hidrovias e prevê a privatização de empreendimentos federais no setor hidroviário, incluindo a região do Rio Tapajós. Eles também criticam a construção da Ferrogrão, uma ferrovia para escoamento de produção agrícola que atravessa Mato Grosso e Pará, alegando que esses projetos ameaçam o modo de vida dos povos indígenas e pressionam suas terras. Segundo o Movimento Munduruku Ipereg Ayu, o corredor Tapajós-Arco Norte representa um dos principais avanços do agronegócio sobre a Amazônia, conforme dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Além da oposição a esses empreendimentos, os Munduruku protestam contra as negociações climáticas internacionais que tratam as florestas nativas apenas como ativos para crédito de carbono, o que, na visão deles, desconsidera a autonomia dos povos indígenas e legitima a entrada de empresas e intermediários em seus territórios. Eles afirmam que essas políticas não enfrentam causas estruturais dos problemas ambientais, como o desmatamento industrial, o garimpo ilegal, a construção de hidrovias e a expansão da monocultura.

O protesto foi reconhecido como legítimo e pacífico pelas autoridades do evento. A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, destacou a importância do direito à manifestação e a necessidade de o diálogo continuar aberto para que as demandas indígenas sejam consideradas nas discussões climáticas. Após o encontro, o acesso à Zona Azul da COP30 foi liberado, e a segurança no local foi reforçada para garantir o andamento das negociações. O episódio marcou um momento de mobilização dos povos indígenas em busca de participação efetiva e respeito às suas reivindicações dentro de um dos principais fóruns internacionais sobre meio ambiente.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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