A arrecadação total de tributos federais alcançou R$ 261,9 bilhões em outubro de 2025, marcando o maior valor já registrado para esse mês desde o início da série histórica em 1995. Esse resultado representa uma expansão real de 0,92% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, a receita federal somou R$ 2,4 trilhões, com um crescimento real de 3,2% em comparação a 2024.
Entre os tributos que mais se destacaram na evolução da arrecadação está o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que somou R$ 8,1 bilhões em outubro, apresentando alta real de 38,8%. Esse salto reflete operações relacionadas à saída de moeda estrangeira e a operações de crédito destinadas a pessoas jurídicas, impactadas por recentes alterações legislativas. Outro tributo que contribuiu significativamente foi o Imposto de Renda Retido na Fonte sobre ganhos de capital (IRRF-Capital), que atingiu quase R$ 11,6 bilhões, com aumento real de 28%. Esse crescimento está ligado a lucros obtidos por investidores em aplicações financeiras de renda fixa e Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Outro fator de grande impacto foi o aumento expressivo da arrecadação proveniente das atividades de jogos de azar e apostas virtuais, as chamadas bets. Com a regulamentação do setor em 2025, esses tributos passaram de R$ 11 milhões em outubro de 2024 para R$ 1 bilhão em outubro de 2025, representando uma elevação de quase 10.000%. No acumulado do ano, essa arrecadação saltou mais de 16.000%, indo de R$ 49 milhões para R$ 8 bilhões.
Apesar do recorde, a Receita Federal observa uma desaceleração no ritmo de crescimento da arrecadação, uma tendência atribuída à desaceleração econômica geral no país. Em julho, o crescimento real da receita chegou a 4,41%, mas foi diminuindo mês a mês até os 0,92% registrados em outubro. O chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, relaciona essa desaceleração à política monetária de juros altos praticada pelo Banco Central, que mantém a taxa Selic em 15% ao ano — o maior patamar desde 2006. Essa medida tem como objetivo esfriar a economia para reduzir a inflação, que está acima da meta governamental de 3% ao ano há mais de um ano, atingindo 4,68% acumulada em 12 meses até outubro, porém em trajetória de desaceleração.
Malaquias ressalta que, mesmo com essa perda de fôlego, a arrecadação tributária continua a crescer, refletindo aspectos resilientes da economia brasileira, como o desempenho do setor de serviços e o aumento da massa salarial dos trabalhadores.
O governo atribui a melhora na arrecadação, dentre outros fatores, às recentes alterações na legislação tributária e à maior fiscalização, que juntos vêm contribuindo para a redução do déficit público, uma meta central da política fiscal de 2025.
Assim, embora a arrecadação tenha atingido um patamar histórico para outubro, os dados indicam que o crescimento da receita está moderando em função de fatores econômicos e das políticas adotadas para controlar a inflação e o crescimento econômico.

